Ribeirão Preto, Terça-feira, 15 de Março de 2011

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Reparo em buracos dura apenas um mês

Secretário admite que serviço de tapa-buracos é apenas temporário, mas prefeitura gasta R$ 2,3 milhões/ano

Especialista da USP diz que administração deveria fazer manutenção nas vias também na época da seca

Fotos Márcia Ribeiro/Folhapress
Buraco reaberto na av. Conde Francisco Matarazzo após serviço da prefeitura no dia 14

HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO

Apesar da propaganda de que tapa 7.700 buracos por dia ao custo anual de R$ 2,3 milhões, a Prefeitura de Ribeirão Preto admite que o trabalho não é a melhor solução para o problema.
"O ideal seria recapear parte das ruas e realizar manutenção nas demais. Só que não conseguimos fazer isso devido às chuvas. O trabalho acaba sendo temporário", disse o secretário de Infraestrutura, Iussef Miguel Iun.
Por isso, o custo do serviço é quatro vezes maior do que o gasto que a prefeitura teria caso houvesse manutenção adequada, entre abril a setembro, disse o professor da Escola de Engenharia de São Carlos, da USP, José Leomar Fernandes Júnior.
A Folha percorreu sete trechos em quatro ruas da cidade que, segundo a prefeitura, tiveram reparos no dia 14 de fevereiro. Ontem de manhã, os buracos estavam reabertos novamente.
O especialista afirma que a melhor opção é implantar um sistema de gerência de pavimentos urbanos, para que haja um planejamento durante todo o ano e não apenas quando a situação se agrava.
Para Fernandes Júnior, o clima não é o causador do buraco e sim o apontador do problema.
Nos períodos de chuva, por exemplo, a causa do aumento dos buracos é a falta de drenagem adequada, não só superficialmente, mas também internamente, na estrutura do pavimento.
De acordo com o especialista da USP, a execução de um remendo, que deveria ser permanente se bem executado, tem de incluir a remoção de água e sujeira, além da instalação de drenagem, se a água for a causa do buraco.
Segundo Iun, parte do serviço de tapa-buraco consiste em cobrir a cavidade por massa asfáltica quente. Em seguida, as equipes passam o compactador por cima.
Fernandes Júnior, diz porém, que isso não resolve. Seria precisa fazer um corte retangular na área a ser remendada, de 20 cm a 30 cm além das extremidades do buraco e até atingir uma profundidade adequada com material consistente.
No entanto, de acordo com o secretário, das 11 equipes de tapa-buracos da prefeitura apenas seis contam com o maquinário necessário para o recorte da área.
"Os reparos executados sob condições desfavoráveis são apenas temporários e apresentam elevado custo por tonelada, em razão de terem vida em serviço muito curta. Daí a importância da manutenção preventiva, nos períodos de seca", afirmou o especialista.

DESPERDÍCIO
Prova disso são os buracos tapados há um mês pela Prefeitura de Ribeirão e que já estão reabertos.
Segundo o aposentado Brás Bertolino , morador da rua Rio Madeira, na Vila Albertina, os buracos em frente a sua casa foram arrumados recentemente. "Os pedregulhos [do reparo feito] ficam soltos no meio da rua. Quando os caminhões ou ônibus passam jogam essas pedras para todos os lados."


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