Ribeirão Preto, Segunda-feira, 15 de Agosto de 2011

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Meia Câmara ocupa espaço em rádio e TV

Dez dos 20 vereadores tiveram ou têm no atual mandato espaço na mídia; especialista vê benefício político

Parlamentares dizem que a ferramenta é importante, mas negam fazer uso e se identificar no ar como políticos

Silva Junior/Folhapress
O vereador Coraucci Netto (DEM) durante seu programa, que é apresentado na emissora de rádio CMN, em Ribeirão Preto

ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

Dez dos 20 vereadores de Ribeirão ocupam ou ocuparam durante o mandato espaço em rádios e TVs. Hoje, oito mantêm-se no ar e quem saiu diz que gostaria de voltar a ter a imagem, ou a voz, em evidência nas emissoras locais.
A legislação só proíbe a atividade nos meios de comunicação durante o período eleitoral, mas a exposição na mídia garante, mesmo antes da disputa oficial, benefícios aos concorrentes, segundo especialistas.
Além disso, todos os vereadores aparecem em transmissões da TV Câmara, pela Thathi (33 UHF e 22 da Net) e pelo sinal digital (61 da Net). Essas exibições, inclusive, podem ser alvo de questionamentos no período eleitoral (leia texto nesta página).
Historicamente, o Legislativo local é marcado pela presença de políticos "midiáticos" e já projetou nomes também para o Executivo e à Assembleia -Welson Gasparini (PSDB) e Dárcy Vera (DEM) são exemplos disso.
Um livro de Divo Marino analisou essa questão ("O Populismo Radiofônico em Ribeirão Preto").
O número atual de vereadores no rádio ou na TV se iguala ao da Câmara de 1996, quando oito figuras de meios de comunicação tinham mandato, entre os 21 escolhidos pela população. No mandato anterior, eram cinco e, entre 89 e 92, seis. Em 2000, cinco se elegeram.
Parlamentares com espaço constante em emissoras hoje são: André da Silva (PC do B), Gláucia Berenice (PSDB), Jorge Parada (PT), Coraucci Netto (DEM), Léo Oliveira (PMDB), Maurílio Romano (PP), Silvana Resende (PSDB) e Walter Gomes (PR).
Os vereadores Samuel Zanferdini (PMDB) e Oliveira Júnior (PSC) também chegaram a comandar atrações. Marcelo Palinkas (DEM) era repórter de TV, mas se desligou da atividade para concorrer. "Se pudesse, gostaria de ter um programa", disse.
"Até recebi convite para retornar. Querer eu quero, mas não tenho tempo", afirmou Zanferdini, que também é delegado e apresentava um programa de rádio nas manhãs de sábado.

BENEFÍCIOS POLÍTICOS
No geral, a vontade de estar no ar é explicável diante dos benefícios políticos que a aparição pode gerar, segundo Maria Teresa Kerbauy, professora de ciência política da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Araraquara.
"Há vários estudos que mostram que há uma vantagem, sim, de quem aparece constantemente nos meios de comunicação", afirmou.
A especialista cita como exemplo o cantor e apresentador Netinho de Paula, vereador pelo PC do B em SP.
Os vereadores de Ribeirão reconhecem que o espaço é uma ferramenta importante de divulgação, mas negam fazer uso político disso e dizem não se identificar como políticos nos programas (leia texto nesta página).
De acordo com a cientista política da Unesp, no entanto, essa postura independe porque não é possível "dissociar" a imagem de vereador da de um locutor, por exemplo. "Dificilmente o povo não sabe que aquela pessoa não é um político", disse.
Presidente do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo de 1998 a 1999, Nelson Schiesari também entende que políticos com espaço em TV ou rádio levam "vantagem" na hora da disputa eleitoral.


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