Ribeirão Preto, Terça-feira, 15 de Dezembro de 2009

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Balança comercial tem 1º deficit em 5 anos

Resultado em Ribeirão foi causado pela queda livre das exportações e pela recuperação das importações em novembro

Em relação a novembro de 2008, vendas ao exterior diminuíram 61% por causa da queda do dólar; já as compras subiram 17%


Silva Junior/Folha Imagem
Funcionários na linha de montagem da Dentflex, que apresentou queda de 20% nas exportações

JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO

A combinação entre as exportações em queda livre e a importação recuperando seu ritmo normal levaram Ribeirão Preto a ter seu primeiro deficit na balança comercial desde pelo menos janeiro de 2004, primeiro mês em que o Ministério do Desenvolvimento disponibilizou dados municipais sobre o comércio exterior.
Em novembro, a maior cidade da região exportou 61% menos na comparação com o mesmo mês de 2008. Já as importações subiram 17%. A diferença entre o que Ribeirão comprou e vendeu no exterior foi de US$ 3.769.504.
Para o coordenador do Núcleo de Comércio Exterior do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Ribeirão Preto, Rodrigo Faleiros, a cidade sofreu com dois movimentos distintos em novembro. O primeiro veio das importações, que retomaram níveis anteriores à crise econômica.
A situação da exportação, segundo ele, "é mais gritante". A diminuição já era anunciada, por causa da queda do dólar desde julho. Somente agora, porém, diz Faleiros, a moeda americana enfraquecida começou a provocar efeito mais grave nas vendas. Isso ocorre por causo do intervalo entre o fechamento dos contratos e o embarque dos produtos, que pode levar mais de três meses.
Em Ribeirão, apenas o setor sucroalcooleiro tem conseguido manter as vendas elevadas com o câmbio fraco, de acordo com Faleiros. A explicação está na demanda aquecida pelo açúcar brasileiro, que tem suprido a falta de oferta de outro grande produtor, a Índia.
Setores com maior concorrência, como o do complexo médico-odontológico, que tem forte presença em Ribeirão, sofrem mais com a moeda.
"Com um câmbio desses é impossível exportar", afirmou Paulo Henrique Bis, diretor comercial da Dentflex, que vende equipamentos odontológicos para 25 países.
Na empresa, a queda nas exportações é de 15% a 20%, por enquanto. Segundo Bis, o mercado interno aquecido tem suprido parte do que a Dentflex deixou de vender no exterior.
Segundo o diretor de controladoria da Gnatus, Roberto Peterson Júnior, a eficiência produtiva da indústria local não consegue superar a barreira do câmbio no patamar de R$ 1,70.
A Gnatus, que também atua no setor de equipamentos odontológicos, exporta sua produção para 127 países.
Peterson Júnior estima que o efeito negativo do câmbio nas exportações na região será ainda mais impactante no próximo ano.


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