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Liminar mantém a central de transplantes
Decisão da Justiça barra transferência da central do HC de Ribeirão para São Paulo, que ocorreria na próxima semana
Embora o Estado negue e diga que mudança será apenas na distribuição, temor é que listas de espera
sejam unificadas na capital
LEANDRO MARTINS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Uma liminar concedida pela
Justiça em ação movida pelo
Ministério Público Estadual
barrou a transferência para a
capital da CNCDO (Central de
Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos) que funciona
no HC de Ribeirão Preto. A
central estava prevista para
deixar de funcionar no município na próxima semana.
A decisão de centralizar a distribuição de órgãos na capital
foi anunciada pelo Estado em
setembro do ano passado e gerou reclamações de médicos e
pacientes que aguardam na lista de espera de transplantes.
O temor é que a lista seja centralizada na capital, embora o
Estado tenha afirmado que não
haveria unificação e que a mudança envolve apenas o trabalho de distribuição dos órgãos.
A mobilização para que a
central permaneça em Ribeirão chegou ao Ministério Público e um abaixo-assinado com
cerca de 3.000 adesões foi entregue ao promotor da Cidadania de Ribeirão, Sebastião Sérgio da Silveira, responsável pela
obtenção da liminar.
De acordo com Silveira, a liminar vai permitir que a transferência da central seja mais
bem discutida. "Eu sequer conheço a posição da Secretaria
[de Estado da Saúde], que não
atendeu a uma recomendação
minha para sustar o procedimento até a conclusão do inquérito e tampouco respondeu
a minha requisição de informações", disse o promotor.
Segundo Silveira, existe uma
questão logística que justifica a
manutenção da central em Ribeirão, pois ela é a única que
atende todo o interior.
Para o coordenador do programa de transplantes de fígado do HC, Orlando de Castro e
Silva, a liminar da Justiça foi
uma conquista. "Mesmo que
não seja uma decisão definitiva,
serve de alerta para a Secretaria
da Saúde", disse.
Silva afirmou que, apesar dos
argumentos do Estado, é grande o temor que a lista de espera
por órgãos seja unificada em
um segundo passo, após a
transferência da central.
Segundo ele, isso traria prejuízos para os pacientes que esperam na lista do interior. No
caso dos transplantes de fígado,
por exemplo, são cerca de 750
na fila de espera do interior e
3.000 na capital, disse Silva.
O coordenador disse que o
critério usado na capital para
medir a gravidade de cada caso
e definir a ordem de espera é diferente do utilizado no HC de
Ribeirão. "Um grande contingente de pacientes da capital ficaria nos primeiros postos da
fila", afirmou Silva.
Já o médico Mario Abbud Filho, que faz parte do conselho
consultivo da ABTO (Associação Brasileira de Transplantes
de Órgãos), disse que há garantias do Estado de que não haverá unificação. "Na prática, não
altera muito", afirmou.
Procurado pela Folha, o Estado disse que não foi notificado e que tomará medidas necessárias quando isso ocorrer.
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