Ribeirão Preto, Sábado, 16 de Janeiro de 2010

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Liminar mantém a central de transplantes

Decisão da Justiça barra transferência da central do HC de Ribeirão para São Paulo, que ocorreria na próxima semana

Embora o Estado negue e diga que mudança será apenas na distribuição, temor é que listas de espera sejam unificadas na capital

LEANDRO MARTINS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Uma liminar concedida pela Justiça em ação movida pelo Ministério Público Estadual barrou a transferência para a capital da CNCDO (Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos) que funciona no HC de Ribeirão Preto. A central estava prevista para deixar de funcionar no município na próxima semana.
A decisão de centralizar a distribuição de órgãos na capital foi anunciada pelo Estado em setembro do ano passado e gerou reclamações de médicos e pacientes que aguardam na lista de espera de transplantes.
O temor é que a lista seja centralizada na capital, embora o Estado tenha afirmado que não haveria unificação e que a mudança envolve apenas o trabalho de distribuição dos órgãos.
A mobilização para que a central permaneça em Ribeirão chegou ao Ministério Público e um abaixo-assinado com cerca de 3.000 adesões foi entregue ao promotor da Cidadania de Ribeirão, Sebastião Sérgio da Silveira, responsável pela obtenção da liminar.
De acordo com Silveira, a liminar vai permitir que a transferência da central seja mais bem discutida. "Eu sequer conheço a posição da Secretaria [de Estado da Saúde], que não atendeu a uma recomendação minha para sustar o procedimento até a conclusão do inquérito e tampouco respondeu a minha requisição de informações", disse o promotor.
Segundo Silveira, existe uma questão logística que justifica a manutenção da central em Ribeirão, pois ela é a única que atende todo o interior.
Para o coordenador do programa de transplantes de fígado do HC, Orlando de Castro e Silva, a liminar da Justiça foi uma conquista. "Mesmo que não seja uma decisão definitiva, serve de alerta para a Secretaria da Saúde", disse.
Silva afirmou que, apesar dos argumentos do Estado, é grande o temor que a lista de espera por órgãos seja unificada em um segundo passo, após a transferência da central.
Segundo ele, isso traria prejuízos para os pacientes que esperam na lista do interior. No caso dos transplantes de fígado, por exemplo, são cerca de 750 na fila de espera do interior e 3.000 na capital, disse Silva.
O coordenador disse que o critério usado na capital para medir a gravidade de cada caso e definir a ordem de espera é diferente do utilizado no HC de Ribeirão. "Um grande contingente de pacientes da capital ficaria nos primeiros postos da fila", afirmou Silva.
Já o médico Mario Abbud Filho, que faz parte do conselho consultivo da ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos), disse que há garantias do Estado de que não haverá unificação. "Na prática, não altera muito", afirmou.
Procurado pela Folha, o Estado disse que não foi notificado e que tomará medidas necessárias quando isso ocorrer.


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