Ribeirão Preto, Sábado, 16 de janeiro de 1999

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CASO SELMA
Promotor pede julgamento em júri popular para empresário
Laudo do IML descarta a hipótese de acidente

da Folha Ribeirão

Laudo do IML (Instituto Médico Legal) de São Paulo descartou a hipótese de que a garota de programa Selma Heloísa Artigas da Silva, 19, tenha morrido em um acidente.
A garota foi arrastada presa pelo braço à lateral de uma camionete, no dia 11 de setembro de 98, em Ribeirão Preto. O motorista do veículo, Pablo Russel Rocha, 24, afirma que ela se enroscou ao cinto de segurança acidentalmente.
O resultado da última perícia do caso chegou anteontem ao Fórum de Ribeirão Preto. É o segundo laudo que desconsidera a tese de defesa do empresário. Em novembro, peritos do IC (Instituto de Criminalística) disseram ser impossível a versão contada por Rocha.
De acordo com os ferimentos no corpo da vítima, a polícia concluiu que Selma foi arrastada pelo braço esquerdo -lado que fica livre do cinto de segurança.
O laudo do IML ainda afirma que a garota de programa teve o braço amarrado com um "nó duplo" de forca e que morreu em razão do atrito do corpo com o asfalto.
No relatório, os peritos ainda afirmam que Selma não poderia ter se enroscado sozinha ao cinto de segurança, como afirma o empresário acusado do crime.
A polícia estima que o motorista da camionete tenha percorrido 1,5 km arrastando a vítima.
Ontem, o promotor José Vicente Pinto Ferreira pediu ao juiz Luís Augusto Freire Teotônio que encaminhe o acusado para um júri popular -única forma de julgar autores de crime contra a vida.
O promotor denunciou o empresário por homicídio triplamente qualificado.
O advogado de Rocha, Luiz Carlos Bento, disse que o novo laudo "inventa coisas". "Diz que a mão dela ficou presa com um nó duplo, mas não explica como foi que o corpo acabou arrastado."
Bento pediu ao juiz uma simulação de como a garota de programa foi arrastada pelo cinto de segurança da camionete. A solicitação está sendo analisada.
O processo, que está na fase de alegações finais, ainda passará pelo assistente de acusação e pelo advogado de defesa antes de voltar para o juiz.
Só depois Teotônio irá decidir se o acusado será julgado por um júri popular. Nessa hipótese, ele estará aceitando a denúncia de homicídio intencional e não acidental.
"Para mim, o novo laudo não muda nada no caso. Ainda não é possível dizer que houve intenção", afirma Bento.



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