Ribeirão Preto, Domingo, 16 de Maio de 2010

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Calouros são "vigias" na maior república

Com 18 moradores, a Várzea, que nunca foi assaltada, adota esquema de segurança que transforma calouros em sentinelas

Cão é usado para coibir roubo; esquecimento de trancar portas faz alunos adotarem sistema em que elas se fecham sem chave

DA ENVIADA A SÃO CARLOS

Em seus três anos de existência e com 18 moradores, a maior república de São Carlos, a Várzea, nunca foi assaltada. O esquema de segurança foi pensado estrategicamente: cabe aos "calouros" a tarefa de checar se portas e portões estão devidamente trancados e se o alarme e a cerca elétrica estão ligados.
"Temos que ter um esquema organizado para garantir que todos estejam seguros. São 18 moradores, fora os agregados, que são os amigos e namoradas. A circulação de gente é intensa o tempo inteiro, então pegamos no pé para manter a ordem", diz o estudante Daniel Lopes Rodrigues, 22.
Ainda assim, o universitário Gustavo Ronan Soares, 20, conta que todos estão redobrando o cuidado depois de saber dos recentes casos de assaltos nas casas de amigos. "Ficamos muito preocupados e assustados com essa violência."
Os dez moradores da república Teiquirizi também estão procurando um meio de se proteger da onda de assaltos que assusta os estudantes de São Carlos. O principal ponto, segundo eles, é comprar um cachorro para vigiar a casa.
Outra medida tomada pelo grupo foi trocar as fechaduras da casa e colocar um tipo de trinco que já age assim que a porta se fecha, sem que seja necessário que eles tranquem com chave, já que todos sempre esqueciam de fazer isso ao sair.
"No mês passado, por três vezes tentaram entrar aqui para nos roubar. Tivemos sorte que em todas as vezes alguém acabou vendo e os assaltantes fugiram, mas ficamos apreensivos. Só de pensar que tem alguém de olho na nossa casa já dá uma sensação ruim", diz o universitário Diego Gava, 21.
O medo tem motivação, já que na república vizinha, a Canta Grilo, três moradores foram feitos reféns por assaltantes armados que levaram notebooks, TVs e o carro de um dos moradores.
"A porta ficava sempre aberta e, quando os ladrões chegaram, achamos até que era amigo de um dos meninos que moram aqui. O entra e sai de gente era grande e não nos importávamos com segurança", afirmou Vinícius Cremaschi, 21.
Depois do assalto, portões e portas estão sempre trancados. A nova rotina, de acordo com Pedro Rossi, 21, acabou distanciando as duas repúblicas, apesar de estarem separadas por apenas um muro.
"Agora, se eu quiser ir no vizinho tenho que abrir a porta e o portão, além de esperar que ele abra a porta e o portão dele. Acabamos cada um na sua."
Mas o investimento que mais trouxe resultados e segurança para a república foi o cachorro "Grilão", que faz as vezes do alarme da casa.
"Ele late e já ficamos atentos. Depois de ele estar aqui nunca mais tentaram entrar", afirmou Renato Olivieri, 20.


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