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Calouros são "vigias" na maior república
Com 18 moradores, a Várzea, que nunca foi assaltada, adota esquema de segurança que transforma calouros em sentinelas
Cão é usado para coibir roubo; esquecimento de trancar portas faz alunos adotarem sistema em que elas se fecham sem chave
DA ENVIADA A SÃO CARLOS
Em seus três anos de existência e com 18 moradores, a maior
república de São Carlos, a Várzea, nunca foi assaltada. O esquema de segurança foi pensado estrategicamente: cabe aos
"calouros" a tarefa de checar se
portas e portões estão devidamente trancados e se o alarme e
a cerca elétrica estão ligados.
"Temos que ter um esquema
organizado para garantir que
todos estejam seguros. São 18
moradores, fora os agregados,
que são os amigos e namoradas.
A circulação de gente é intensa
o tempo inteiro, então pegamos
no pé para manter a ordem",
diz o estudante Daniel Lopes
Rodrigues, 22.
Ainda assim, o universitário
Gustavo Ronan Soares, 20,
conta que todos estão redobrando o cuidado depois de saber dos recentes casos de assaltos nas casas de amigos. "Ficamos muito preocupados e assustados com essa violência."
Os dez moradores da república Teiquirizi também estão
procurando um meio de se proteger da onda de assaltos que
assusta os estudantes de São
Carlos. O principal ponto, segundo eles, é comprar um cachorro para vigiar a casa.
Outra medida tomada pelo
grupo foi trocar as fechaduras
da casa e colocar um tipo de
trinco que já age assim que a
porta se fecha, sem que seja necessário que eles tranquem
com chave, já que todos sempre
esqueciam de fazer isso ao sair.
"No mês passado, por três vezes tentaram entrar aqui para
nos roubar. Tivemos sorte que
em todas as vezes alguém acabou vendo e os assaltantes fugiram, mas ficamos apreensivos.
Só de pensar que tem alguém
de olho na nossa casa já dá uma
sensação ruim", diz o universitário Diego Gava, 21.
O medo tem motivação, já
que na república vizinha, a
Canta Grilo, três moradores foram feitos reféns por assaltantes armados que levaram notebooks, TVs e o carro de um dos
moradores.
"A porta ficava sempre aberta e, quando os ladrões chegaram, achamos até que era amigo de um dos meninos que moram aqui. O entra e sai de gente
era grande e não nos importávamos com segurança", afirmou Vinícius Cremaschi, 21.
Depois do assalto, portões e
portas estão sempre trancados.
A nova rotina, de acordo com
Pedro Rossi, 21, acabou distanciando as duas repúblicas, apesar de estarem separadas por
apenas um muro.
"Agora, se eu quiser ir no vizinho tenho que abrir a porta e o
portão, além de esperar que ele
abra a porta e o portão dele.
Acabamos cada um na sua."
Mas o investimento que mais
trouxe resultados e segurança
para a república foi o cachorro
"Grilão", que faz as vezes do
alarme da casa.
"Ele late e já ficamos atentos.
Depois de ele estar aqui nunca
mais tentaram entrar", afirmou Renato Olivieri, 20.
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