Ribeirão Preto, Segunda-feira, 16 de Maio de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Maiores favelas de Ribeirão têm "inchaço"

População dos núcleos da Magid, da Via Norte e da Mata foi a que mais cresceu em quatro anos, aponta Cohab

Aumento na ocupação das áreas ocorre mesmo com o processo de desfavelamento que está em curso na cidade

Silva Junior/Folhapress
A desempregada Izabel de Almeida de Jesus (à frente) com a família na favela da Mata, uma das que mais cresceram

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

Favelas que já eram superpopulosas em Ribeirão Preto "incharam" ainda mais em quatro anos. Pela demora de ações públicas, a remoção ou urbanização desses locais torna-se mais difícil com o passar do tempo.
As favelas da Magid, da Via Norte (ou Várzea), próxima ao terminal de petróleo -ambas na zona norte-, e da Mata, no aeroporto, são as que mais receberam novos moradores, segundo a prefeitura e envolvidos em projetos de desfavelamento.
E o novo morador chega com jeito de definitivo. Na favela da Mata, em vez de barracos improvisados, novas casas são feitas com tijolos, telhas e portas de metal, mais se parecendo moradias de bairros populares.
O inchaço de favelas tradicionais ocorre mesmo com os processos de desfavelamento em curso na cidade, coordenados pela prefeitura e pelo grupo Moradia Legal.
Pelo levantamento da Cohab-RP (Companhia de Habitação Regional de Ribeirão Preto), a estimativa é que existam atualmente 26 mil moradores de favelas, em um total de 43 ocupações.
No último diagnóstico, em 2007, eram estimadas 18 mil famílias em 33 núcleos.
A contagem foi uma tentativa de "congelar" as favelas do complexo do Jardim Aeroporto, que inclui a da Mata.

EM VÃO

A remoção foi definida pela Justiça, por causa do ruído dos aviões. Ao longo dos anos, porém, a favela da Mata recebeu mais moradores. De cerca de 200 famílias, hoje são 426 casas oficialmente.
"E não é difícil que chegue a 600 casas, perto do que é hoje a favela da Magid", disse o juiz João Gandini, coordenador do Moradia Legal.
Um dos entraves é que a Mata está em área particular. Ou seja, precisa ser desapropriada para só depois receber verbas públicas, como ocorreu com as favelas Adamantina e Itápolis -280 famílias já se mudaram para um conjunto habitacional.
Apesar de estar colada à pista do aeroporto e por isso ser "prioridade" nas remoções, só no ano passado o governo Dárcy Vera (DEM) começou a fazer contato com os proprietários da área para possível desapropriação.
O secretário da Casa Civil, Layr Luchesi, disse que as negociações caminham para um entendimento em breve.
O secretário, no entanto, não deu nenhuma previsão sobre o assunto.

TRÁFICO
As duas mais populosas favelas da cidade, da Magid e da Via Norte, estão com 640 e 675 moradias, aproximadamente -antes eram 512 e 450 casas, respectivamente.
Isso significa que moram na Via Norte, por exemplo, quase 4.000 pessoas -população maior do que a da cidade de Rifaina, que tem 3.436 habitantes segundo o mais recente censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Na favela da Magid, um dos entraves existentes para o trabalho de urbanização, segundo Gandini, é a forte presença do tráfico.
Há planos de retirar parte dos barracos ao fundo da favela e abrir três ruas, para redes de água e esgoto.

MIGRAÇÃO
Não é raro que os recém-chegados venham de outras favelas da cidade.
Segundo a Secretaria da Assistência Social, há também casas da "segunda geração" dos que já residiam na favela e ainda de pessoas de outros municípios.
"Temos visto uma migração do Norte e Nordeste. A construção civil tem atraído muita mão de obra", afirmou o presidente da Cohab-RP, Silvio Martins.


Texto Anterior: Manifestantes se reúnem contra chacina de animais
Próximo Texto: Áreas livres da cidade causam preocupação
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.