Ribeirão Preto, Domingo, 16 de Agosto de 2009

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Ribeirânia instala "sistema Big Brother"

40 moradores de uma parte desse bairro nobre de Ribeirão bancaram a instalação de 16 câmeras em postes para vigiar ruas

Bairro em que moram grandes empresários tem mais câmeras que o centro; moradores têm acesso às imagens on-line

Silva Junior/Folha Imagem
Câmeras de segurança instaladas em postes no alto da Ribeirânia; sistema custou R$ 36 mil

ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO

Por mais segurança, os moradores de uma parte da Ribeirânia, um dos bairros nobres mais tradicionais de Ribeirão, pagaram pela instalação de um sistema com 16 câmeras de segurança. O número supera o total de câmeras que monitoram o centro da cidade: 10.
Os 40 moradores da parte alta do bairro, próxima a uma área verde, pagaram R$ 36 mil pela instalação nos postes. Cada imóvel paga ainda R$ 200 mensais pela manutenção do equipamento e por uma ronda 24 h de seguranças em motos.
O monitoramento cobre 100% quatro ruas. Lá, moram alguns dos empresários mais bem-sucedidos da cidade, como o usineiro Maurilio Biagi Filho, o empresário André Biagi, irmão de Maurilio e presidente da Refrescos Ipiranga (Coca-Cola) e Carlos Alberto Chodraui, dono da Concrenasa, megadistribuidora de materiais de construção.
Todos os associados da Amar (Associação dos Moradores do Alto da Ribeirânia) têm acesso on-line às imagens das câmeras. Uma delas está ajustada só para flagrar placas de veículos.
A ideia, que integrava um projeto de criação de um bolsão de segurança -que não foi aprovado pela prefeitura-, nasceu depois da morte no bairro, em novembro de 2005, do advogado e ex-professor de direito da Unaerp Francisco José Gomes Toro Ovídio, que foi assassinado dentro de casa.
Na época, a região já contava com as rondas de seguranças, mas não havia câmeras. Os acusados do crime, três homens, foram presos no mesmo dia.
Os moradores chegaram a construir uma guarita na área há um ano, mas a prefeitura demoliu porque era irregular.
A instalação das câmeras, há dois meses, coincidiu com a época em que Ribeirão registrou aumento na violência. Segundo números da Secretaria de Estado da Segurança Pública, o total de roubos na cidade cresceu 23,8% no primeiro semestre deste ano, em comparação com igual período de 2008.
Foram 1.872 assaltos, contra 1.511 no ano passado. O número de homicídios também subiu 22,2%, de 18 para 22.
O empresário Chodraui, um dos que "ratearam" a instalação das câmeras, disse que a violência tem assustado mais do que o comum. "Só o que queremos é sair para trabalhar e ter a certeza de que nossos filhos e mulher estarão tranquilos e seguros em casa", disse.
Para Adauto Antonio de Souza, um dos diretores da Amar, as câmeras já fazem efeito desde a fase de testes. "Antes, era um caso por mês, pelo menos."
Ivens Telles Alves, presidente da Amor (Associação dos Moradores da Ribeirânia), que envolve todo o bairro, considera legítima a atitude. "Não gosto da ideia de fechar os bairros, mas é justo eles investirem na própria segurança, se assim entenderem ser melhor."
A associação ainda está à procura de um segurança para controlar as câmeras. Um sistema de alarme pode ser ativado de qualquer casa, acionando a central. A Mega, empresa responsável pelas câmeras, diz que monitora 513 imóveis na cidade, mas o único sistema coletivo é o da Ribeirânia.


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