|
Próximo Texto | Índice
Ribeirânia instala "sistema Big Brother"
40 moradores de uma parte desse bairro nobre de Ribeirão bancaram a instalação de 16 câmeras em postes para vigiar ruas
Bairro em que moram grandes empresários tem mais câmeras que o centro; moradores têm acesso às imagens on-line
Silva Junior/Folha Imagem
|
|
Câmeras de segurança instaladas em postes no alto da Ribeirânia; sistema custou R$ 36 mil
ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Por mais segurança, os moradores de uma parte da Ribeirânia, um dos bairros nobres
mais tradicionais de Ribeirão,
pagaram pela instalação de um
sistema com 16 câmeras de segurança. O número supera o total de câmeras que monitoram
o centro da cidade: 10.
Os 40 moradores da parte alta do bairro, próxima a uma
área verde, pagaram R$ 36 mil
pela instalação nos postes. Cada imóvel paga ainda R$ 200
mensais pela manutenção do
equipamento e por uma ronda
24 h de seguranças em motos.
O monitoramento cobre
100% quatro ruas. Lá, moram
alguns dos empresários mais
bem-sucedidos da cidade, como o usineiro Maurilio Biagi
Filho, o empresário André Biagi, irmão de Maurilio e presidente da Refrescos Ipiranga
(Coca-Cola) e Carlos Alberto
Chodraui, dono da Concrenasa,
megadistribuidora de materiais de construção.
Todos os associados da Amar
(Associação dos Moradores do
Alto da Ribeirânia) têm acesso
on-line às imagens das câmeras. Uma delas está ajustada só
para flagrar placas de veículos.
A ideia, que integrava um
projeto de criação de um bolsão
de segurança -que não foi
aprovado pela prefeitura-,
nasceu depois da morte no
bairro, em novembro de 2005,
do advogado e ex-professor de
direito da Unaerp Francisco
José Gomes Toro Ovídio, que
foi assassinado dentro de casa.
Na época, a região já contava
com as rondas de seguranças,
mas não havia câmeras. Os acusados do crime, três homens,
foram presos no mesmo dia.
Os moradores chegaram a
construir uma guarita na área
há um ano, mas a prefeitura demoliu porque era irregular.
A instalação das câmeras, há
dois meses, coincidiu com a
época em que Ribeirão registrou aumento na violência. Segundo números da Secretaria
de Estado da Segurança Pública, o total de roubos na cidade
cresceu 23,8% no primeiro semestre deste ano, em comparação com igual período de 2008.
Foram 1.872 assaltos, contra
1.511 no ano passado. O número
de homicídios também subiu
22,2%, de 18 para 22.
O empresário Chodraui, um
dos que "ratearam" a instalação
das câmeras, disse que a violência tem assustado mais do que o
comum. "Só o que queremos é
sair para trabalhar e ter a certeza de que nossos filhos e mulher estarão tranquilos e seguros em casa", disse.
Para Adauto Antonio de Souza, um dos diretores da Amar,
as câmeras já fazem efeito desde a fase de testes. "Antes, era
um caso por mês, pelo menos."
Ivens Telles Alves, presidente da Amor (Associação dos
Moradores da Ribeirânia), que
envolve todo o bairro, considera legítima a atitude. "Não gosto da ideia de fechar os bairros,
mas é justo eles investirem na
própria segurança, se assim entenderem ser melhor."
A associação ainda está à procura de um segurança para controlar as câmeras. Um sistema
de alarme pode ser ativado de
qualquer casa, acionando a
central. A Mega, empresa responsável pelas câmeras, diz que
monitora 513 imóveis na cidade, mas o único sistema coletivo é o da Ribeirânia.
Próximo Texto: Parte do Jardim Canadá mantém equipamentos Índice
|