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SAÚDE
Pesquisa da USP vê excesso de chumbo em crianças
DA FOLHA RIBEIRÃO
Pesquisa da Faculdade de
Odontologia da USP de Ribeirão revela que 6,5% das
crianças de seis a oito anos da
rede municipal de ensino
apresentam mais de 5 microgramas de chumbo por decilitro (100 ml) de sangue, nível considerado alto. Foram
observadas 444 crianças.
Diretrizes do Centro de
Controle e Prevenção de
Doenças sugerem que a concentração de chumbo preocupa nesse patamar, apesar
de não demandar intervenção médica -o que só acontece quando a proporção
atinge 10 mg por decilitro, índice não atingido por nenhuma das crianças analisadas.
Estudos apontam que acima de 5 microgramas de
chumbo já há riscos de retardo mental e de afetação da
capacidade de concentração.
A pesquisa, a primeira do
Brasil feita com essa faixa
etária, foi realizada em quatro unidades de ensino da cidade: Escola Municipal de
Ensino Fundamental Dom
Luiz do Amaral Mousinho,
Centro Municipal de Ensino
Infantil Vírgílio Salata, e nas
escolas estaduais Dom Alberto José Gonçalves e Antônio Diederichsen.
O objetivo, diz a coordenadora, Raquel Gerlach, professora da Faculdade de
Odontologia, é alertar para a
necessidade de se medir o nível de chumbo das crianças.
No mesmo estudo, além da
coleta de sangue dos alunos,
foi analisado o esmalte da camada externa dos dentes, o
que possibilita identificar a
exposição acumulada de
chumbo no sangue (a coleta
de sangue detecta a exposição nos últimos 30 dias, e por
isso é mais precisa).
O resultado da análise do
esmalte revela que 10% das
crianças têm concentração
acima de 5 microgramas, nível considerado excessivo. O
estudo não aponta as causas.
"A ideia era analisar as
crianças de escolas nos Campos Elíseos, onde dois anos
atrás constatamos alta concentração de chumbo, mas
percebemos que as crianças
que estudam nas escolas próximas ao bairro vêm de várias partes da cidade", disse a
coordenadora.
Em um dos casos, uma hipótese apontada é a de que
uma menina que tinha alta
concentração de chumbo no
sangue possa ter sido afetada
pelo grafite do lápis.
"Mas ela não mordia o lápis, ela realmente comia.
Três meses depois, tiramos
outra amostra de sangue dela
e o nível tinha abaixado. Nesse meio tempo, ela não usou
mais lápis, mas pode ter mudado também outros comportamentos. Não dá pra afirmar que foi por causa do grafite, que é um material que
tem chumbo", disse Gerlach.
A Folha procurou a Secretaria Municipal da Saúde para comentar a pesquisa, mas
a pessoa indicada para falar
sobre o assunto, Maria Cristina Bárbaro, não foi achada.
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