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Rodeio nos Estados Unidos difere do evento brasileiro
Lá fora os touros são mais baixos e agressivos e os peões têm músicas como marca
Além disso, a espora é pontiaguda, montarias começam no horário programado por causa da TV e lesões são mais sérias
DO ENVIADO ESPECIAL A LAS VEGAS
Esqueça as tradicionais músicas caipiras e os versos de rodeio declamados pelos locutores e imagine uma montaria ao
som de uma versão pesada de
"Smooth Criminal", de quando
Michael Jackson ainda fazia
sucesso mundial, de "Sweet
Child O" Mine", de Guns N" Roses, ou mesmo de "We Will
Rock You", do Queen, em lugar
do tradicional "Seguuura,
peão!".
Música, horário, agressividade de touros, locução, comportamento do público e até o chão
das arenas. As diferenças do rodeio norte-americano em relação ao brasileiro são tantas que
é quase possível dizer que, de
igual, só há o fato de um peão
montar num touro. A principal
diferença é que os touros dos
EUA são menores e pulam mais
baixo que os brasileiros, mas
são mais rápidos e giram mais.
Esse é o principal motivo para os estrangeiros se darem mal
no Brasil, segundo os peões e a
organização. Mas há outras diferenças significativas. Ainda
dentro da arena, para arrepio
das entidades protetoras dos
animais, a espora utilizada é
pontiaguda, diferentemente da
regra brasileira, que exige que
ela seja lisa.
"Eles [os peões] sentem essa
diferença, de terem que usar
espora lisa no Brasil", disse Flávio Junqueira, diretor da PBR
Brasil. O campeão mundial
Guilherme Marchi afirmou que
isso, no entanto, não causa
maus-tratos aos animais. "São
regulares e não têm nada de errado. O pessoal é cuidadoso
aqui, todos. O nível é alto e eles
são profissionais."
Ação ou não das esporas, os
touros americano, após derrubarem os peões, normalmente
avançam sobre eles, o que causa lesões sérias. Segundo os
atletas, isso acontece porque a
arena é pequena -uma quadra
de futsal dividida ao meio- e o
solo, compactado, o que faz
com que a frase "levanta, poeira" fique somente no imaginário (leia texto nesta página).
Os locutores, ao contrário do
que ocorre no Brasil, falam até
que a montaria comece. É, isso
mesmo. Enquanto nos rodeios
brasileiros o locutor "começa"
a trabalhar quando o touro inicia seus pulos, nos EUA, quando o brete é aberto, entra em
cena a trilha sonora escolhida
pelos peões -cada um decide
sua música, normalmente rock
ou country- e o narrador vira
um comentarista.
Mas ele interage também
com o público, principalmente
quando há intervalos na TV,
numa espécie de "Show do Intervalo". A temporada toda é
transmitida pelo canal Versus e
as finais são exibidas por NBC e
Fox -os direitos de transmissão custam cerca de US$ 70 milhões por ano.
Até por causa da transmissão
ao vivo na TV para os EUA e Canadá, as montarias começam
no horário marcado e, duas horas e 45 montarias depois, terminam. "É tudo cronometrado.
É uma partida de futebol", disse
Jerônimo Muzetti, presidente
de Os Independentes. As provas são retransmitidas ainda
para outros 84 países.
A interatividade também está presente: quando um peão
obtém no mínimo 90 pontos
-o que é comum-, "foguetes"
de papel picado são arremessados e as telas eletrônicas comemoram a nota, para delírio do
público, altamente consumista
e, ao menos em Las Vegas, dominado por casais acima de 40
anos. Mas também há jovens.
"É uma diversão muito grande,
gostamos muito de rodeio. Saímos da Califórnia para acompanhar as montarias aqui na final", afirmou o brasileiro Joel
Calmon Gusmão, 27, que faz
estágio nos EUA.
Nas arquibancadas, baldes de
pipoca e copos gigantes de refrigerante enchem as mãos dos
norte-americanos, além do hot
dog, "of course".
(MARCELO TOLEDO)
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