Ribeirão Preto, Domingo, 16 de Novembro de 2008

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Rodeio nos Estados Unidos difere do evento brasileiro

Lá fora os touros são mais baixos e agressivos e os peões têm músicas como marca

Além disso, a espora é pontiaguda, montarias começam no horário programado por causa da TV e lesões são mais sérias


DO ENVIADO ESPECIAL A LAS VEGAS

Esqueça as tradicionais músicas caipiras e os versos de rodeio declamados pelos locutores e imagine uma montaria ao som de uma versão pesada de "Smooth Criminal", de quando Michael Jackson ainda fazia sucesso mundial, de "Sweet Child O" Mine", de Guns N" Roses, ou mesmo de "We Will Rock You", do Queen, em lugar do tradicional "Seguuura, peão!".
Música, horário, agressividade de touros, locução, comportamento do público e até o chão das arenas. As diferenças do rodeio norte-americano em relação ao brasileiro são tantas que é quase possível dizer que, de igual, só há o fato de um peão montar num touro. A principal diferença é que os touros dos EUA são menores e pulam mais baixo que os brasileiros, mas são mais rápidos e giram mais.
Esse é o principal motivo para os estrangeiros se darem mal no Brasil, segundo os peões e a organização. Mas há outras diferenças significativas. Ainda dentro da arena, para arrepio das entidades protetoras dos animais, a espora utilizada é pontiaguda, diferentemente da regra brasileira, que exige que ela seja lisa.
"Eles [os peões] sentem essa diferença, de terem que usar espora lisa no Brasil", disse Flávio Junqueira, diretor da PBR Brasil. O campeão mundial Guilherme Marchi afirmou que isso, no entanto, não causa maus-tratos aos animais. "São regulares e não têm nada de errado. O pessoal é cuidadoso aqui, todos. O nível é alto e eles são profissionais."
Ação ou não das esporas, os touros americano, após derrubarem os peões, normalmente avançam sobre eles, o que causa lesões sérias. Segundo os atletas, isso acontece porque a arena é pequena -uma quadra de futsal dividida ao meio- e o solo, compactado, o que faz com que a frase "levanta, poeira" fique somente no imaginário (leia texto nesta página).
Os locutores, ao contrário do que ocorre no Brasil, falam até que a montaria comece. É, isso mesmo. Enquanto nos rodeios brasileiros o locutor "começa" a trabalhar quando o touro inicia seus pulos, nos EUA, quando o brete é aberto, entra em cena a trilha sonora escolhida pelos peões -cada um decide sua música, normalmente rock ou country- e o narrador vira um comentarista.
Mas ele interage também com o público, principalmente quando há intervalos na TV, numa espécie de "Show do Intervalo". A temporada toda é transmitida pelo canal Versus e as finais são exibidas por NBC e Fox -os direitos de transmissão custam cerca de US$ 70 milhões por ano.
Até por causa da transmissão ao vivo na TV para os EUA e Canadá, as montarias começam no horário marcado e, duas horas e 45 montarias depois, terminam. "É tudo cronometrado. É uma partida de futebol", disse Jerônimo Muzetti, presidente de Os Independentes. As provas são retransmitidas ainda para outros 84 países.
A interatividade também está presente: quando um peão obtém no mínimo 90 pontos -o que é comum-, "foguetes" de papel picado são arremessados e as telas eletrônicas comemoram a nota, para delírio do público, altamente consumista e, ao menos em Las Vegas, dominado por casais acima de 40 anos. Mas também há jovens. "É uma diversão muito grande, gostamos muito de rodeio. Saímos da Califórnia para acompanhar as montarias aqui na final", afirmou o brasileiro Joel Calmon Gusmão, 27, que faz estágio nos EUA.
Nas arquibancadas, baldes de pipoca e copos gigantes de refrigerante enchem as mãos dos norte-americanos, além do hot dog, "of course".
(MARCELO TOLEDO)


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