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Protesto interdita rodovia em Sertãozinho
Cerca de 200 pessoas, a maioria ligada a sindicatos e indústrias, fizeram ato contra problemas no setor sucroalcooleiro
Carta ao presidente Lula pede estabilidade dos trabalhadores da cadeia e a obrigação de o preço do álcool ser reduzido
LUCAS REIS
ENVIADO ESPECIAL A SERTÃOZINHO
Cerca de 200 pessoas, a
maioria ligada a sindicatos de
trabalhadores da indústria e
funcionários do setor, interromperam ontem de manhã o
trânsito na rodovia Atílio Balbo, em Sertãozinho, por cerca
de 20 minutos, o que provocou
congestionamento de pelo menos sete quilômetros.
O objetivo era chamar a atenção do governo federal para os
problemas que o setor sucroalcooleiro enfrenta desde o início
da crise mundial e reivindicar
medidas para aquecer o mercado -a mais citada era a redução
do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
"Se as indústrias automobilística e da construção civil tiveram esse privilégio, porque o
setor sucroalcooleiro também
não pode se beneficiar? Estamos passando por sérias dificuldades, precisamos de incentivos, como reduzir o IPI de
máquinas, peças e implementos agrícolas", disse Mário Garrefa, presidente do Ceise-BR.
O coro foi engrossado por outras entidades, como a Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do
Estado de São Paulo). "Uma das
principais queixas que fazemos
é a falta de crédito. O setor já vinha em dificuldade há dois
anos e, quando começou a se levantar, veio essa crise", disse
Manuel Ortolan, presidente da
associação.
O prefeito Nério Costa (PPS)
também participou do ato. "A
crise está afetando até o comércio de Sertãozinho e já diminuiu a receita da prefeitura.
Realmente o momento é bastante delicado", disse. Funcionários de diversas indústrias da
cidade também participaram
da manifestação.
"A nossa ideia é chamar a
atenção do governo federal, de
Brasília, para a nossa situação.
Não há empregos, as indústrias
estão demitindo. Precisamos
de um aporte, uma ajuda, ou a
situação ficará ainda pior daqui
em diante", disse Élio Cândido,
presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Metalúrgicas de
Ribeirão Preto e Região.
Uma carta, endereçada ao
presidente Lula, propõe ainda a
estabilidade de todos os trabalhadores da cadeia sucroenergética por seis meses, a obrigação de as distribuidoras baixarem o preço do álcool combustível, a redução da carga tributária federal e estadual sobre
indústrias de bens de capital
para viabilizar projetos de novas usinas e a liberação de crédito, entre outras medidas.
Confusão
O grupo se concentrou às
margens da rodovia, próximo a
uma vicinal, por volta das 9h.
Uma hora depois, o trio-elétrico que levava os líderes sindicais avançou na pista, seguido
pelos manifestantes.
O protesto interrompeu a faixa por 20 minutos, o que fez
com que a Polícia Militar tentasse, à força, liberá-la. Segundo a polícia, a fila de carros parado chegava até o pedágio, o
que dava um congestionamento de aproximadamente sete
quilômetros.
Em determinado momento,
um grupo de policiais, de braços dados, fez um "arrastão"
para tentar liberar metade da
pista, no único momento em
que houve um princípio de confusão. Pelo menos 15 sindicalistas se sentaram deitaram no
chão, o que prorrogou a interrupção da rodovia. Após 20 minutos de paralisação, os manifestantes seguiram até a cidade.
No centro, eles encerraram o
protesto em frente ao Banco do
Brasil, onde faixas de protesto
foram estendidas na fachada do
banco. O comércio do centro
fechou as portas durante o ato.
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