Ribeirão Preto, Domingo, 17 de Maio de 2009

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Aumenta nº de internados por acidentes

Em Ribeirão, foram 3.565 acidentes de trânsito em 2005 contra os 3.997 do ano passado; doenças do coração lideram lista

Dados da Transerp indicam que, entre os anos de 2005 e 2008, o total de acidentes -inclui atropelamentos-registrou alta de 13,98%

VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Cresceu a participação dos acidentes de trânsito no número de internações hospitalares em Ribeirão Preto. Dados da Secretaria Municipal da Saúde mostram que nos últimos quatro anos houve aumento de 12,12% no total de internações por causas externas, onde estão enquadrados os acidentes de trânsito. Foram 3.565 em 2005 e 3.997 no ano passado.
Segundo especialistas ouvidos pela Folha, o aumento de acidentados no trânsito tem relação direta com o crescimento da frota -só no último ano, 27 mil veículos foram adicionados à frota da cidade-, mas também com a imperícia e a imprudência dos motoristas.
"Hoje, mesmo antes de tirar a carta, há quem já esteja com o carro comprado na garagem e, quando vai dirigir, não tem experiência. E existe o álcool, o excesso de velocidade", afirmou o cabo do Corpo de Bombeiros Jefferson Miranda Biscaro, palestrante em um programa preventivo de acidentes para jovens de escolas públicas e particulares de Ribeirão.
O aposentado Vicente Ribeiro, 64, vai engrossar as estatísticas da Secretaria da Saúde do ano. Quando atravessava a Via Norte no último dia 8, teve a perna esquerda atingida por uma moto. A força da batida lançou Ribeiro contra a frente do veículo que seguia atrás da motocicleta. Além da perna ferida, ele sofreu fraturas na face e precisou de cirurgia.
"Se o carro que estava vindo estivesse correndo, ele podia ter morrido", disse a filha da vítima, a vendedora Alessandra Paladetti, 37, enquanto acompanhava o pai em tratamento num dos leitos do hospital Santa Casa na última semana.
Dados da Transerp (Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão) confirmam a constatação da Secretaria da Saúde. Entre 2005 e 2008, o número de acidentes, incluindo atropelamentos, cresceu 13,98%. Foram 13.334 registros de acidentes em 2005, contra 15.796 em 2008. No ano passado, 75 pessoas morreram devido à acidentes.
Atualmente, as causas externas, que, além dos acidentes de trânsito e trabalho, incluem a violência urbana e envenenamentos, são o terceiro fator que mais leva pessoas aos hospitais. Em primeiro lugar, estão doenças cardiovasculares e, em segundo, partos.
De acordo com Denise Minto, chefe da Divisão de Planejamento em Saúde da prefeitura, até 2005, eram as gestantes que mais demandavam internações. Foram 5.168 internações desse tipo naquele ano, 4.519 por doenças do aparelho circulatório e 3.565 por causas externas.
Para o cardiologista Fernando Nobre, presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão e coordenador da Unidade de Hipertensão do HC (Hospital das Clínicas) de Ribeirão, vinculado à USP, a tendência é que essa nova ordem se mantenha e a situação se agrave.
"A perspectiva futura é ruim. Um fator de risco para doenças cardiovasculares e que cresce em todo mundo é a obesidade. Os obesos têm mais chances de ter hipertensão, diabetes, e menos tendência a fazer exercícios físicos", disse Nobre.
A recomendação do especialista é para que as pessoas monitorem a pressão sanguínea com regularidade, não fumem, tenham alimentação saudável e pratiquem exercícios. "Só há três fatores de risco que não controlamos: a idade, a genética e o gênero. Os outros nós podemos evitar", disse.


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