Ribeirão Preto, Sábado, 17 de Julho de 2010

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Ribeirão pode perder Orquestra Sinfônica

Em dificuldades financeiras, segunda mais antiga orquestra do país pode paralisar atividades ainda neste ano

Dois patrocinadores cortaram parte da verba; só R$ 360 mil do orçamento de R$ 3,2 mi vêm da prefeitura


Silva Junior-15.out.09/Folhapress
O maestro Claudio Cruz dirige a Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto durante um ensaio que ocorrreu Theatro Pedro 2º

HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO

Em dificuldades financeiras, a Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto, a segunda mais antiga do Brasil em atividade, pode fechar suas portas ainda neste ano.
A Folha apurou que a orquestra tem caixa para se manter até agosto e, se não conseguir novos patrocínios, pode ter de demitir os 70 funcionários -54 deles músicos- já em setembro.
Fontes ligadas à instituição afirmam que a situação nunca esteve tão crítica.
"Não conseguimos ver luz no fim do túnel. A situação chegou a tal ponto que, se nada for feito pela sociedade privada e governo, o Brasil vai perder um patrimônio cultural extremamente importante", disse um músico da orquestra sinfônica, que pediu anonimato.
Segundo a gerente administrativa da orquestra, Ana Cláudia Mistretta, a instituição sempre passou por dificuldades financeiras.
"Buscamos patrocínios todo dia. Enquanto houver dinheiro, haverá orquestra. Quando não houver mais, fechamos. Só não posso dizer quando será isso."
Cerca de 30% do orçamento anual da orquestra, de R$ 3,2 milhões, vêm de três tipos de mantenedores: empresas, Prefeitura de Ribeirão e sócios (500) da Associação Musical de Ribeirão Preto.
Contribuições de três empresas rendiam R$ 900 mil por ano, mas uma diminuiu o aporte e outra cortou.
O Bradesco, que pagava cachê por concertos da sinfônica para clientes do banco, não pede nenhum show desde 2009. Em 2008, foram cinco eventos, que renderam à orquestra R$ 300 mil.
A Telefônica, parceira há oito anos, anunciou em maio de 2009 a redução do seu patrocínio de R$ 380 mil para R$ 200 mil. Só a OHL Brasil manteve o repasse integral, de R$ 300 mil.
"Mensalmente a orquestra tem que buscar 70% dos recursos para se manter. Não há empresa que resista a essa situação por muito tempo", disse a secretária da Cultura, Adriana Silva.
A prefeitura repassa R$ 360 mil por ano à orquestra.
"Mesmo que aumentássemos o recurso para R$ 1 milhão por ano, o que não é possível, não daria para salvar a orquestra. O que precisa é um modelo de gestão sustentável", afirmou Silva.
Segundo a secretária, a situação ficou bem mais crítica neste ano. "Segundo a própria orquestra, em setembro não há mais dinheiro para manter os músicos."
O Bradesco, via assessoria, afirmou que patrocinou a orquestra em 2007 e 2008, mas os apoios são pontuais e avaliados caso a caso.
A Telefônica disse que os valores variam de acordo com o número de apresentações patrocinadas.
Já a OHL Brasil disse que apoia a orquestra por meio da Lei de Incentivo Fiscal.


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