Ribeirão Preto, Domingo, 17 de Julho de 2011

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Estudo vê 238 mil novas vagas no campo

Pesquisa do Estado aponta que as pastagens de baixa qualidade poderiam ser ocupadas pela cana-de-açúcar

Áreas de pecuária sem qualidade estão em todo o Estado, especialmente nas regiões noroeste, centro-sul e oeste

DE RIBEIRÃO PRETO

As pastagens de baixa qualidade no Estado de São Paulo poderiam ser ocupadas pela cana-de-açúcar e gerar 238 mil novos empregos no setor até 2030, de acordo com estudo produzido pelo IEA (Instituto de Economia Agrícola), da Secretaria de Estado da Agricultura.
Segundo o estudo, as pastagens somam atualmente 30% da área da pecuária, ou o equivalente a 2,8 milhões de hectares. Ocupadas, elas ampliariam a área plantada da cana-de-açúcar no Estado para 7,9 milhões de hectares, pressionando por mão de obra mesmo com a mecanização do setor.
O cálculo dos técnicos do IEA considerou a força de trabalho para a pecuária e a cana. A proporção é de um trabalhador para 200 hectares e para oito hectares, respectivamente. Atualmente, a cana emprega 395 mil funcionários no Estado.
A projeção também levou em conta um cenário mais pessimista para a cana-de-açúcar. Considerando a taxa de crescimento de 1,2% ao ano, o setor canavieiro chegaria a 6,1 milhões de hectares em 2030, utilizando o incremento de mão de obra de 98 mil trabalhadores.
Para os usineiros paulistas, as áreas de pecuária sem qualidade identificadas pelo Estado são fundamentais para a expansão das lavouras de cana. Elas estão espalhadas por todo o Estado, mas principalmente nas regiões centro-sul, noroeste e oeste.
"A região oeste de São Paulo, por exemplo, é a que mais se expande atualmente, e os pecuaristas têm utilizado a cultura até como forma de financiar as pastagens", afirmou o representante da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) em Ribeirão Preto, Sérgio Prado.
Ele não quis comentar a projeção de empregos anunciada pelos técnicos do IEA, mas disse que o Estado de São Paulo é o com maior potencial por estar próximo ao mercado consumidor e por apresentar facilidades de transporte tanto do açúcar quanto do etanol.
Já o presidente da Fetaesp (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo), Braz Albertini, afirmou duvidar da projeção feita sobre a demanda de trabalhadores.
"A cana não gera mais tantos empregos. Acho difícil chegar a isso", disse.
Ele afirmou que cada colheitadeira na lavoura exclui o trabalho de 80 funcionários. "Eles [usineiros] falam na criação de empregos para motoristas, mas não há [emprego] para tudo isso.

OUTRAS CULTURAS
O estudo também considerou a ocupação das pastagens de baixa qualidade por outras culturas, como a plantação de eucaliptos e seringueiras. Ao lado da cana e da pecuária, as atividades correspondem a 80% do valor da produção agrícola no Estado, segundo os técnicos do IEA.
Para os eucaliptos, a ocupação absorveria 76,7 mil empregos até 2030. A área em produção (que requer mais mão de obra) estaria em 1,4 milhão de hectares.
Numa projeção mais otimista, a área explorada saltaria para 2,7 milhões de hectares, o que demandaria 158 mil empregos.
O cultivo da seringueira, por apresentar a maior relação de trabalhador por hectare (um a cada três), teria demanda de mão de obra para até 143,6 mil trabalhadores em 2030, com expansão da área cultivada para até 430 mil hectares.
(VENCESLAU BORLINA FILHO)


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