Ex-prefeito alegou estar sem tempo para a política, mas pode ir para outro partido
Presidente do PT de Ribeirão Preto só soube da desfiliação depois do telefonema da Folha e disse lamentar a perda

ELIANE SILVA
EDITORA DA FOLHA RIBEIRÃO

VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

O ex-prefeito de Ribeirão Gilberto Maggioni (2003-04) se desfiliou ontem do PT sem avisar o partido. Em uma carta endereçada à diretoria petista, Maggioni, 63, alegou compromissos empresariais para deixar a sigla, onde entrou a convite do ex-prefeito, deputado federal Antonio Palocci Filho.
Pedro Jesus Sampaio, presidente do PT em Ribeirão, só soube da desfiliação depois do telefonema da Folha. Algumas horas depois, quando os dois já haviam conversado, Sampaio lamentou a perda. "O PT é um partido que quer sempre agregar, nunca perder", disse.
Maggioni, dono de uma indústria de tintas, disse que a crise econômica está afetando seu negócio, que passou de uma inadimplência histórica mensal de 1% para 15%.
"A crise não é marolinha e a coisa para o lado das pequenas indústrias está grave. Apesar das medidas anunciadas pelo governo federal, para as empresas que estão no Simples [sistema simplificado de pagamento de impostos para micro e pequenas empresas] como a minha, não mudou nada."
O ex-prefeito disse que não é sua intenção agora, mas não descartou a possibilidade de ingressar em outro partido e sair candidato a deputado estadual nas eleições do próximo ano. "Se algum partido antenado com as minhas idéias voltar a me procurar, vou analisar as condições, mas mudar de partido não é o principal motivo da minha desfiliação, "disse.
A Folha apurou que Maggioni, que se achava sem espaço dentro do PT, já foi sondado por pelo menos outros dois partidos (PR e PTB). O ex-prefeito disse que conversou com "três ou quatro partidos" no ano passado. Ele só descartou se filiar ao DEM e ao PSDB -o primeiro por discordância política e o segundo pelo fato de já ter muitos disputando espaço.
Antes de protocolar a carta de desfiliação, Maggioni tentou falar com Palocci, mas não o encontrou. Mais tarde, disse que o ex-ministro e atual deputado federal ligou de volta para ele e lamentou sua saída. "Ele foi muito amigo, me apoiou, pediu que eu repensasse, mas minha decisão é irreversível."
A Folha tentou falar com Palocci, mas sua assessoria disse que ele estava num seminário.


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