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Boia-fria aponta moradia como um "obstáculo extra" da cana
DO ENVIADO ESPECIAL A PONTAL
"Antigamente se ganhava dinheiro, mas agora não dá mais."
O desabafo é do boia-fria
Francisco Vieira, 39, que veio
do Piauí para o corte de cana-de-açúcar em Pontal. Como ele,
outros trabalhadores oriundos
principalmente do nordeste reclamam de ganhos cada vez
mais baixos, enquanto as despesas subiram.
Com salários que dependem
do desempenho nas lavouras,
eles afirmam que a quantidade
de cana-de-açúcar disponibilizada pelos canavieiros para o
corte vem caindo.
Segundo Josuel Lopes da Silva, 37, o trabalho já foi suspenso várias vezes durante a safra,
por ordem dos empregadores
-ele diz não saber a razão.
Além disso, as chuvas prejudicaram a produção, afirma ele.
Com menos dinheiro no bolso, os boias-frias reclamam do
preço dos aluguéis cobrados
por moradias em cidades como
Pontal. Para o boia-fria Luciano José da Silva, 32, "o melhor
negócio em Pontal é alugar casa
para quem vem de fora".
O boia-fria afirma pagar R$
120 por um quarto na cidade.
Quando veio de Alagoas, no início da safra, Silva planejava
guardar entre R$ 500 e R$ 600
mensais. No entanto a economia não tem chegado a R$ 200.
Do Piauí, Cícero Alves é outro que não tem conseguido
juntar dinheiro. Ele também
aponta o aluguel como o principal motivo para a dificuldade.
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