DA FOLHA RIBEIRÃO

Premiada por reportagens sobre temas delicados como suicídio e pacientes terminais, a gaúcha Eliane Brum, repórter especial da revista "Época", é a convidada para o Salão de Ideias do próximo domingo, às 15h, na nona Feira do Livro de Ribeirão.
Na opinião de Brum, "não existe jornalismo sem sensibilidade" e faltam repórteres "que vão à rua dispostos a ver além do óbvio". A seguir, trechos da entrevista

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FOLHA - A sra. é autora de matérias premiadas, marcadas pela sensibilidade. Que tipo de olhar falta hoje no jornalismo?
ELIANE BRUM - Não acredito em jornalismo sem sensibilidade. Ela deve entrar em todas as reportagens do dia a dia, até nas notas. Somos seres humanos contando histórias reais sobre outros seres humanos. Precisamos ter a honestidade de nos despirmos de nossos preconceitos. O que está faltando, parece, é repórteres que vão à rua dispostos a ver além do óbvio.

FOLHA - Quais livros ou autores te marcaram?
ELIANE - Eu preciso dos livros para viver. Leio, no mínimo, um livro por semana, em geral no domingo. Tenho muitos autores e fases: Monteiro Lobato, Érico Verissimo, Jorge Amado, Balzac. Hoje os autores que eu espero com ansiedade são Philip Roth, Ian McEwan, [J.M] Coetzee e Kazuo Ishiguro.

FOLHA - Qual o desafio de formar um público leitor?
ELIANE - Muitos. Um deles é escola ruim. Qual é o estado e o lugar das bibliotecas? Tive uma boa biblioteca em casa porque meus pais passavam anos sem comprar uma peça de roupa, mas sempre compravam livros.

FOLHA - Depois que a feira acaba, qual contribuição deixa?
ELIANE - Acho mágico. Uma feira como a de Ribeirão pode ser contada a partir de todos os encontros que proporciona: de um livro com um leitor, de um escritor com seu leitor, dos diálogos improváveis das barracas.


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