Ribeirão Preto, Domingo, 18 de Julho de 2010

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HC de Barretos busca diagnóstico preciso

Hospital avaliará traços de hereditariedade e tipos de tumores para definir remédio mais eficaz para cada caso

Técnicas não são novas, mas hoje são feitas apenas em laboratórios particulares e grandes centros de pesquisa

LIGIA SOTRATTI
ENVIADA ESPECIAL A BARRETOS

Atenção a cada história e às trajetórias de vida dos pacientes e de suas famílias. É assim, na base da conversa minuciosa e de exames não menos precisos, que o Hospital de Câncer de Barretos pretende obter informações para aumentar a precisão no diagnóstico dos pacientes.
Para isso, a instituição conta com um novo recurso: o laboratório de oncologia molecular que, caso a caso, vai analisar tipos de tumores e traços de hereditariedade.
De acordo com André Lopes Carvalho, diretor científico do laboratório, a avaliação das características do tumor permite identificar o remédio mais eficaz. É o caso de alguns tipo de câncer de pulmão e de cólon.
"Hoje, a rede de saúde segue um padrão de tratamento. Temos uma sequência de remédios que é dada para todos os pacientes. Com esse exame, podemos usar diretamente o que é mais eficiente para aquela pessoa", disse.
Por exemplo, se uma quimioterapia beneficia 60% dos pacientes, o restante que não for favorecido pode usar outro medicamento. É o que o exame vai apontar.
"Com isso você evita o sofrimento do paciente de usar um medicamento, ter todos os efeitos colaterais, mas sem que tenha resultado para ele", disse o médico.
Outra frente de trabalho é a análise de traços de hereditariedade em câncer de mama e de ovário -os mais relacionados a herança genética.
Paciente com diagnóstico de câncer frequente na família deve ser atendido com cuidado redobrado.
"Se várias gerações de uma mesma família tiveram um câncer é preciso fazer a avaliação de toda a família. Ver o tipo, a idade em que ocorreram, porque pode indicar que é alguma mutação no gene", disse Rodrigo Michelli, do Departamento de Oncogenética do hospital.
O resultado sendo positivo, a família do paciente é convidada para fazer os exames também para verificar se tem predisposição a desenvolver a doença.
"Se mais familiares tiverem [a doença] podemos atuar com trabalho preventivo diferenciado, com rotina de exames mais frequente do que é recomendado", disse.
A proposta, de acordo com o médico, é fazer um diagnóstico precoce e, assim, aumentar as chances de cura.
As técnicas não são novas. Segundo Carvalho, todos esses procedimentos são comprovados em estudos científicos. No entanto, atualmente, testes desse tipo são feitos apenas em laboratórios particulares e em grandes centros de pesquisa.
Ainda fora dos protocolos do Ministério do Saúde, o custo é elevado: um exame sai em torno de R$ 3.500. A estimativa do hospital é gastar R$ 900 mil com os exames no primeiro ano.


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