Ribeirão Preto, Terça-feira, 18 de Novembro de 2008

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Curva põe em risco privatização do aeroporto

Governo pretende privatizar aeroportos do interior paulista, mas o de Ribeirão ainda não tem laudo da curva de ruído

Companhias temem que estudo não fique pronto antes de a licitação ser aberta pelo governo, o que afastaria os interessados

Silva Junior/Folha Imagem
Passageiros embarcam em avião da Passaredo no Leite Lopes

GEORGE ARAVANIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

O plano do governo do Estado de conceder a administração dos aeroportos estaduais à iniciativa privada, revelado ontem por Mônica Bérgamo nesta Folha, encontra uma empecilho em Ribeirão Preto: o estudo de curva de ruído do aeroporto Leite Lopes só deve ficar pronto em março de 2009.
O aeroporto de Ribeirão é o maior do Estado entre as unidades administradas pelo Daesp (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo).
O estudo de curva de ruído, realizado pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), vai determinar a área do entorno do aeroporto que não pode ter casas ou empresas.
Donos de empresas privadas de aviação dizem que interessados em participar da licitação podem desistir se o estudo não estiver pronto ou apresentar resultado negativo ao funcionamento do aeroporto. "Se não tiver isso pronto (o estudo), o aeroporto está morto", disse o representante de uma companhia que pediu anonimato.
A idéia do governo é promover PPPs (parcerias público-privadas) para os 31 aeroportos do interior do Estado que são administrados pelo Daesp.
A empresa que ganhar a licitação de um aeroporto lucrativo, como o de Ribeirão, terá de assumir também a administração de outras unidades não-rentáveis -hoje, o prejuízo do Estado com os aeroportos é de R$ 8,8 milhões.
Na última quinta-feira, representantes de companhias aéreas e do Daesp participaram de um seminário em São Paulo, onde o superintendente do Daesp, Sergio Augusto de Arruda Camargo, ratificou o interesse do governo em conceder a administração dos aeroportos à iniciativa privada.
Segundo um participante do encontro, representante de uma companhia aérea, o governo ainda não formatou a proposta final de como se dará essa concessão à iniciativa privada, nem os termos dos contratos.
A Secretaria dos Transportes, à qual o Daesp é ligado, foi procurada ontem para dar detalhes do projeto, mas, apesar da insistência, nenhum diretor atendeu a reportagem.
O líder do governo na Assembléia Legislativa, Barros Munhoz (PSDB), e o vice-líder, Baleia Rossi (PMDB), de Ribeirão, afirmaram ontem desconhecer a proposta do governo.
Outro que negou conhecimento foi o deputado federal Antonio Duarte Nogueira Júnior (PSDB), também de Ribeirão. Segundo ele, o superintendente do Daesp lhe disse ontem que o estudo só ficará pronto no ano que vem.

Ruído
A medição do ruído no Leite Lopes está sendo feita por causa de um acordo judicial firmado na 2ª Vara da Fazenda de Ribeirão entre o Daesp e o Ministério Público.
A realização do estudo é uma exigência da Promotoria de Habitação e Urbanismo de Ribeirão, para quem o aeroporto funciona irregularmente.


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