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25 bairros de Ribeirão têm surto de dengue
70% dos casos se concentram nas regiões sul e leste, mas doença está espalhada pela cidade, que já soma 1.337 casos no ano
Mapeamento dos locais com surtos serve como estratégia de controle da doença, permitindo focar as áreas de maior risco
LEANDRO MARTINS
DA FOLHA RIBEIRÃO
As regiões sul e leste de Ribeirão Preto concentram quase
70% dos 1.337 casos de dengue
registrados até ontem, mas, de
acordo com o Controle de Vetores da cidade, a doença já se
espalhou nas cinco distritais de
saúde e deixou 25 bairros em
situação de surto.
Há bairros onde o número de
casos "explodiu" desde o início
do ano. Os recordistas são Vila
Virgínia e Parque Ribeirão Preto, ambos na zona sul, que até
ontem tinham 137 e 85 casos,
respectivamente.
Porém, não é apenas o número elevado de casos em determinado bairro que leva a Secretaria da Saúde a definir a situação de surto. Mesmo em bairros onde o número de pessoas
doentes é menor, mas há uma
maior concentração desses casos, também existe surto.
"Seis casos de dengue numa
rua, por exemplo, indicam [a
existência de surto]", disse a
chefe do Controle de Vetores,
Cristina O'Grady Lima.
Esse mapeamento da dengue
nos bairros ajuda a prefeitura a
adotar estratégias diferentes
no combate. Segundo Lima, isso é necessário porque a gravidade da epidemia na cidade pode variar conforme a característica de cada bairro.
Segundo ela, o surto registrado no Campos Elíseos preocupa de maneira diferenciada
porque é uma região populosa e
com construções antigas. "E
também há uma população idosa que, tradicionalmente, cultiva as plantas nos pratos."
De acordo com Lima, há outras regiões que têm características diferenciadas que colaboram para os surtos, como o acúmulo de materiais recicláveis
ou a existência de muitos terrenos com entulho.
Apesar dessa diferenciação, a
situação é preocupante na cidade toda, segundo a chefe do
Controle de Vetores. Os números confirmam: há casos em 136
bairros de Ribeirão.
Segundo o chefe do Departamento de Medicina Preventiva
da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Roberto
Medronho, o que diferencia o
surto da epidemia é que, no primeiro caso, há aumento da
doença em uma população restrita, enquanto na epidemia, os
casos se espalham para uma
área mais extensa.
"Uma doença pode começar
com um surto em um determinado bairro, em uma comunidade específica, mas depois se
alastrar para todas as outras comunidades."
Já o médico Ivo Castelo
Branco Coelho, consultor da
Organização Mundial de Saúde
em dengue, disse que a epidemia não se caracteriza apenas
pelo número elevado de casos.
"Se há uma doença que não
existia em uma determinada cidade, e de repente, surgem vários casos, isso pode ser considerado uma epidemia."
Em alguns bairros, o crescimento de casos também tem sido favorecido pela predominância do sorotipo 1 da doença,
que, segundo a prefeitura, voltou agora após ficar "adormecido" durante cerca de 20 anos -
a última epidemia de dengue
com o sorotipo 1 ocorreu no final dos anos 1990.
"Boa parte da população está
suscetível à doença", disse Medronho. Isso porque, ainda que
a cidade tenha registrado epidemias em anos anteriores, a
maioria dos doentes teve os sorotipos 2 e 3 da dengue. Essas
pessoas ficaram imunes a esses
tipos da doença, mas não ao 1.
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