Ribeirão Preto, Sexta-feira, 19 de Fevereiro de 2010

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25 bairros de Ribeirão têm surto de dengue

70% dos casos se concentram nas regiões sul e leste, mas doença está espalhada pela cidade, que já soma 1.337 casos no ano

Mapeamento dos locais com surtos serve como estratégia de controle da doença, permitindo focar as áreas de maior risco


LEANDRO MARTINS
DA FOLHA RIBEIRÃO

As regiões sul e leste de Ribeirão Preto concentram quase 70% dos 1.337 casos de dengue registrados até ontem, mas, de acordo com o Controle de Vetores da cidade, a doença já se espalhou nas cinco distritais de saúde e deixou 25 bairros em situação de surto.
Há bairros onde o número de casos "explodiu" desde o início do ano. Os recordistas são Vila Virgínia e Parque Ribeirão Preto, ambos na zona sul, que até ontem tinham 137 e 85 casos, respectivamente.
Porém, não é apenas o número elevado de casos em determinado bairro que leva a Secretaria da Saúde a definir a situação de surto. Mesmo em bairros onde o número de pessoas doentes é menor, mas há uma maior concentração desses casos, também existe surto.
"Seis casos de dengue numa rua, por exemplo, indicam [a existência de surto]", disse a chefe do Controle de Vetores, Cristina O'Grady Lima.
Esse mapeamento da dengue nos bairros ajuda a prefeitura a adotar estratégias diferentes no combate. Segundo Lima, isso é necessário porque a gravidade da epidemia na cidade pode variar conforme a característica de cada bairro.
Segundo ela, o surto registrado no Campos Elíseos preocupa de maneira diferenciada porque é uma região populosa e com construções antigas. "E também há uma população idosa que, tradicionalmente, cultiva as plantas nos pratos."
De acordo com Lima, há outras regiões que têm características diferenciadas que colaboram para os surtos, como o acúmulo de materiais recicláveis ou a existência de muitos terrenos com entulho.
Apesar dessa diferenciação, a situação é preocupante na cidade toda, segundo a chefe do Controle de Vetores. Os números confirmam: há casos em 136 bairros de Ribeirão.
Segundo o chefe do Departamento de Medicina Preventiva da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Roberto Medronho, o que diferencia o surto da epidemia é que, no primeiro caso, há aumento da doença em uma população restrita, enquanto na epidemia, os casos se espalham para uma área mais extensa.
"Uma doença pode começar com um surto em um determinado bairro, em uma comunidade específica, mas depois se alastrar para todas as outras comunidades."
Já o médico Ivo Castelo Branco Coelho, consultor da Organização Mundial de Saúde em dengue, disse que a epidemia não se caracteriza apenas pelo número elevado de casos. "Se há uma doença que não existia em uma determinada cidade, e de repente, surgem vários casos, isso pode ser considerado uma epidemia."
Em alguns bairros, o crescimento de casos também tem sido favorecido pela predominância do sorotipo 1 da doença, que, segundo a prefeitura, voltou agora após ficar "adormecido" durante cerca de 20 anos - a última epidemia de dengue com o sorotipo 1 ocorreu no final dos anos 1990.
"Boa parte da população está suscetível à doença", disse Medronho. Isso porque, ainda que a cidade tenha registrado epidemias em anos anteriores, a maioria dos doentes teve os sorotipos 2 e 3 da dengue. Essas pessoas ficaram imunes a esses tipos da doença, mas não ao 1.


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