|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Médico late para mulher em posto, diz paciente
Mãe e filha esperavam atendimento quando médico plantonista as expulsou e teria dito "au au au au"
DA FOLHA RIBEIRÃO
Um médico da Prefeitura de
Ribeirão Preto é acusado de
"latir" durante o atendimento a
uma paciente psiquiátrica e sua
mãe. O caso, que foi denunciado à polícia pela dona de casa
Eunice Nunes, 47, teria ocorrido anteontem à tarde na UBDS
(Unidade Básica Distrital de
Saúde) do bairro Quintino Facci 2, na zona norte da cidade.
Eunice afirma que aguardava
uma vaga de internação para a
filha Fabiana Aparecida da Silva, 27, desde as 7h. Por volta das
16h, ainda sem conseguir a vaga, tentou colocar a filha, que
estava agressiva e agitada, em
uma maca. Foi quando o médico, que estava iniciando seu
plantão, expulsou as duas do
posto, segundo o relato da mãe.
"Ele falou assim: "estão expulsas mãe e filha daqui agora!"
E, daí, ele latiu na minha cara:
"au au au au". Eu falei que não ia
sair e iria chamar a polícia. Ele
disse para eu chamar quem eu
quisesse", disse Eunice.
A Folha não conseguiu ouvir
o médico ontem. Ele é clínico
geral plantonista na UBDS da
zona norte às segundas e quartas. Às sextas, atua no Hospital
Santa Tereza, que atende pacientes psiquiátricos.
Na terça-feira, uma discussão entre médico e paciente em
outra UBDS também envolveu
a Polícia Militar e provocou a
paralisação do atendimento
por quase duas horas.
O chefe da Divisão Médica da
Secretaria da Saúde de Ribeirão, André Luiz Henriques, disse que o caso do Quintino começou a ser apurado ontem,
mas faltava a versão do médico.
"Ela [Silva] foi atendida e
medicada. Mas o caso dela não
era de internação", disse.
Henriques deve falar sobre o
caso hoje, após ouvir o médico.
Ontem, a dona de casa voltou
à UBDS e, segundo o Estado, a
filha obteve internação à noite.
Entre 25 de fevereiro e 13 de
março, a jovem ficou no Santa
Tereza. A alta foi dada, segundo
a Secretaria de Estado da Saúde, porque ela estava "assintomática". Fabiana tem diagnóstico de psicose e histeria.
Segundo o diretor do Departamento de Saúde Mental da
prefeitura, Alexandre Firmo da
Cruz, 12 pessoas, excluindo Silva, estavam ontem em UBDSs
aguardando vaga de internação. Ele atribui a culpa pelo
problema à política nacional de
saúde que força a desinternação de pacientes psiquiátricos.
(VERIDIANA RIBEIRO)
Texto Anterior: Adensamento pode gerar dano, diz promotor Próximo Texto: Entrevista: Dona de casa diz esperar justiça Índice
|