LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

A situação financeira da Transerp nunca foi boa, mas seria pior se não fossem as multas de trânsito, as taxas da área azul e a arrecadação com o pátio e os leilões de veículos.
Relatório financeiro anual mostra que, em quatro anos, a Transerp saiu de um prejuízo de R$ 4,4 milhões para um lucro de R$ 2 milhões. O ano de 2008 foi apenas o segundo na história em que a empresa não fechou o balanço financeiro no vermelho -em 2007, também teve lucro, de R$ 822 mil (veja quadro nesta página).
Segundo o relatório, os serviços prestados pela Transerp foram os grandes responsáveis pela alavancada nos números. Em 2005, a empresa faturou R$ 7,2 milhões com multas, área azul e recolhimento e leilão de veículos. No ano passado, a cifra chegou a R$ 15,9 milhões. O crescimento coincide com o início da operação dos radares fotográficos, em 2006. E deve gerar mais receita, já que, na atual gestão, o total de radares passou de dois para cinco.
A própria Transerp diz que depender de receitas variáveis para sobreviver é um risco. "É um fator negativo a empresa se manter com isso [multas, área azul e pátio]. Não podemos depender disso. Se a Transerp se transformasse em autarquia ou secretaria, teria dotação orçamentária", disse o superintendente, William Latuf, que deve deixar o cargo em breve.
"A Transerp sobrevive da arrecadação de multas. Mais de 70% da receita dela vem das multas. Não pode ser assim, senão a empresa vira uma indústria da multa", disse o vereador Jorge Parada (PT), presidente da comissão que analisa os números da Transerp.
Apesar de o balanço ser positivo, a dívida da Transerp ainda é milionária: cerca de R$ 15 milhões. "Quando assumimos [em janeiro], a dívida a curto prazo era de R$ 1,031 milhão e a de longo prazo, de R$ 13,7 milhões", disse Latuf.
Outra constatação do balanço é a estagnação do faturamento das empresas de ônibus do transporte coletivo. Mesmo com um aumento acumulado de 31% no preço da passagem, os ganhos da Transerp cresceram apenas 18% -de R$ 1,4 milhão para R$ 1,6 milhão, o que mostra perda de passageiros. A Transerp recebe 2% do faturamento das concessionárias.


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