Ribeirão Preto, Terça-feira, 19 de Maio de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nº de doadores na central de Ribeirão cresce 62%

Desde o início do ano, foram 76 doadores no interior, contra 47 no ano passado

Equipes médicas mais preparadas e comoção na sociedade por causa da mídia justificam doações, diz médico coordenador


Edson Silva/Folha Imagem
Ana Lúcia Gonçalves se emociona ao falar de transplante

JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

O preparo dos médicos e a maior consciência da sociedade podem ser a explicação para uma boa notícia na área da saúde. O número de doadores de órgãos de todo o interior paulista captados pela Central de Transplante de Ribeirão Preto cresceu 61,7% desde o início do ano, se comparado ao mesmo período de 2008.
O HC de Ribeirão, onde funciona a central, conseguiu viabilizar 76 doadores de janeiro até ontem, contra 47 na mesma época no ano passado. As principais doações foram de rins, fígado e córneas, o que significa que os órgãos vindos de um mesmo doador permitiram viabilizar outros três ou quatro transplantes.
No período, cresceram as notificações de pessoas em prontos-socorros que tiveram morte cerebral e se tornaram potenciais doadores. Foram 291 notificações neste ano, e 76 se tornaram doadores. No ano passado, a central recebeu 229 comunicações para viabilizar os 47 doadores.
O volume de doadores cresceu mais no interior do que na capital, segundo levantamento da central de transplantes. Neste ano, a capital recebeu 153 doadores, uma alta de 35% na comparação com 2008.
Segundo o coordenador do serviço em Ribeirão, o médico Jeová Nina Rocha, a alta explica-se pelo maior preparo dos médicos em monitorar o paciente com morte cerebral, para que o órgão não se perca até que a família autorize a doação.
"Os médicos estão se envolvendo mais no processo de doação. Eles lutam para salvar a vida, mas às vezes era comum deixar de lado se o paciente teve morte cerebral, porque o indivíduo já morreu", disse.
Outra justificativa, na opinião do médico, foi a maior sensibilização da sociedade, estimulada por campanhas na mídia.

Nova vida
Beber água. Algo tão simples soa como vitória para quem acaba de receber um novo rim. Mas pacientes com disfunções renais não devem ingerir muito líquido, como a professora de dança Ana Lúcia Gonçalves, 34, que fez o transplante há um mês.
"Deixei muita coisa para trás, de ter uma vida normal. Agora só quero é retomá-la e reencontrar minha família", disse Ana Lúcia, cuja família mora no Mato Grosso.
O lavrador Luiz Carlos de Souza Lira, 50, transplantado no último dia 25, também deseja coisas simples. "Quero tomar água, chupar laranja, melancia."
O servente de pedreiro Sérgio Dias Correia, 34, com novo rim há cinco meses, quer deixar o sofrimento dos últimos cinco anos de hemodiálise para trás. "Foi duro ver minha mulher sozinha trabalhando, porque não tinha força para nada."


Texto Anterior: Cultura: Ribeirão estuda escolher um só lugar para a Virada Cultural
Próximo Texto: Educação: Adesão de professor da USP à greve é quase nula
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.