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Preço do álcool nas bombas despenca e fica abaixo de R$ 1
Há duas semanas, litro custava R$ 1,29 em Ribeirão e, em janeiro, R$ 1,89; dirigente culpa a "concorrência predatória"
Para o vice-presidente das distribuidoras, competição é normal no varejo; preço baixo, no entanto, deve ter vida curta, avalia o sindicato
ARARIPE CASTILHO
DA FOLHA RIBEIRÃO
Em quinze dias, o preço do litro do álcool caiu 23% nas bombas de Ribeirão, motivado pela
alta produção nas usinas, que
estão em plena safra. Ontem, a
maioria dos postos de bandeira
vendia o combustível a R$ 0,99.
Há duas semanas, o litro custava R$ 1,29% e, no início de janeiro, R$ 1,89. A situação contraria perspectivas do setor
produtivo, que, no início do
ano, dava como "coisa do passado" a comercialização do produto na faixa de R$ 1 na bomba.
Em janeiro, o álcool nas usinas, sem impostos e custos com
transportes, chegou a custar R$
1,20. Agora, segundo o Cepea
(Centro de Estudos Avançados
em Economia Aplicada), da
Esalq/USP, o preço médio é R$
0,72, o menor desde agosto.
"O produto novo derrubou o
preço na usina. Isso é repassado ao consumidor", disse Sérgio Prado, diretor regional da
Unica (União da Indústria de
Cana-de-Açúcar). Para a entidade, a produção deve superar
em 15,6% a da safra anterior.
O diretor regional do Sincopetro (Sindicato do Comércio
Varejista de Derivados de Petróleo de São Paulo), Oswaldo
Manaia, afirmou que a redução
do preço nas bombas é uma forma de "concorrência predatória" das grandes distribuidoras.
Manaia disse que é impossível para postos como o dele,
não vinculados às grandes distribuidoras e chamados de
"bandeira branca", competirem com o preço abaixo de R$ 1.
"Paramos em R$ 1,09, que já
não é suficiente para pagar o
custo", afirmou.
O sindicalista disse que, se a
prática das distribuidoras persistir, irá recomendar à presidência da entidade que peça a
intervenção do Ministério Público ou da Justiça.
Dizer que o preço baixo é
desleal cabe às autoridades, segundo Alísio Vaz, vice-presidente do Sindicom (Sindicato
Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis).
Ele disse que a competição
entre empresas e promoções é
natural no varejo.
"Pela experiência que temos,
sabemos também que preços
como esse não têm vida longa.
Trata-se de uma situação momentânea. De forma geral, com
R$ 0,99 mal dá para cobrir os
custos do litro do álcool", afirmou Vaz.
Quem se beneficia dessa situação momentânea são os
consumidores, principalmente
aqueles que rodam mais. O taxista Lazano da Costa Filho, 53,
disse que sente no bolso as variações no preço do álcool.
"Acredito que o preço ideal
para nós (taxistas) trabalharmos é esse mesmo, entre R$
0,90 e R$ 1", afirmou.
Em junho de 2009, um posto
de Ribeirão com bandeira chegou a vender o álcool por R$
0,79, o que irritou alguns concorrentes. Os motoristas, porém, formaram filas para encher o tanque depois de ver a
placa que anunciava o preço.
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