Ribeirão Preto, Terça-feira, 19 de Junho de 2001

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145 ANOS
Instalação de ferrovia contou com a influência política da cidade; dom Pedro 2º participou de inauguração
Mogiana marcou auge dos barões do café

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A instalação da Companhia Mogiana, em novembro de 1883, foi a primeira demonstração de poder e de influência dos barões do café de Ribeirão Preto.
De acordo com a pesquisadora Maria Célia Zamboni, a elite política da região de Ribeirão Preto tinha ligações com o Parlamento, o que possibilitou a implantação da ferrovia na cidade e, consequentemente, a prolongação das vias e dos trilhos para o interior das fazendas de café.
"Na época áurea do café, a Companhia Mogiana era responsável por 40% do transporte do produto do interior de São Paulo até o porto de Santos. Todos os grandes barões do café queriam uma trilha passando dentro da própria fazenda", diz Maria Célia.
De acordo com ela, a inaugurada da ferrovia só ocorreu após uma disputa pela concessão da linha com a Companhia Paulista, que também tinha interesse em atuar na região de Ribeirão Preto.
Após a vitória junto ao Império, em 1880, a Companhia Mogiana iniciou suas obras e, em 1882, estendeu seus trilhos até São Simão.
A primeira estação de Ribeirão foi construída provisoriamente nas proximidades da atual avenida Caramuru. Em 1884, a estação definitiva foi inaugurada próxima às margens do ribeirão Preto.
A importância política da Mogiana era tão expressiva que, em 1886, o imperador dom Pedro 2º esteve em Ribeirão Preto para participar da inauguração do ramal até Poços de Caldas (MG).
Na ocasião, o imperador e sua mulher ficaram hospedados na chácara do advogado Rodrigo Pereira Barreto.
Em 1910, o escritório de engenharia de Francisco de Paulo Ramos de Azevedo apresentou um projeto para a construção de uma nova estação, que nunca foi executado. Com a crise do café, a ferrovia passou a perder sua influência e, a partir da década de 50, a malha entrou em decadência.
De acordo com Maria Célia, esse processo de decadência se deve principalmente à queda do café na década de 30 e a uma política unicamente econômica.
"Podemos dizer que a ferrovia foi um dos principais marcos do desenvolvimento da região. Com ela, chegaram os imigrantes e a mão-de-obra operária. Contudo, ela foi construída exclusivamente com fins econômicos. Quando o café caiu, ela foi junto, pois não existia nenhum trabalho social para toda a malha ferroviária."
A decadência da Companhia Mogiana, que foi incorporada pela Fepasa (Ferrovias Paulistas S.A.R. da Consolação), também provocou a demolição da estação, em 1967.
Desde 1997, a cidade não conta com o transporte de passageiros.


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