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145 ANOS
Instalação de ferrovia contou com a influência política da cidade; dom Pedro 2º participou de inauguração
Mogiana marcou auge dos barões do café
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
A instalação da Companhia
Mogiana, em novembro de 1883,
foi a primeira demonstração de
poder e de influência dos barões
do café de Ribeirão Preto.
De acordo com a pesquisadora
Maria Célia Zamboni, a elite política da região de Ribeirão Preto tinha ligações com o Parlamento, o
que possibilitou a implantação da
ferrovia na cidade e, consequentemente, a prolongação das vias e
dos trilhos para o interior das fazendas de café.
"Na época áurea do café, a
Companhia Mogiana era responsável por 40% do transporte do
produto do interior de São Paulo
até o porto de Santos. Todos os
grandes barões do café queriam
uma trilha passando dentro da
própria fazenda", diz Maria Célia.
De acordo com ela, a inaugurada da ferrovia só ocorreu após
uma disputa pela concessão da linha com a Companhia Paulista,
que também tinha interesse em
atuar na região de Ribeirão Preto.
Após a vitória junto ao Império,
em 1880, a Companhia Mogiana
iniciou suas obras e, em 1882, estendeu seus trilhos até São Simão.
A primeira estação de Ribeirão
foi construída provisoriamente
nas proximidades da atual avenida Caramuru. Em 1884, a estação
definitiva foi inaugurada próxima
às margens do ribeirão Preto.
A importância política da Mogiana era tão expressiva que, em
1886, o imperador dom Pedro 2º
esteve em Ribeirão Preto para
participar da inauguração do ramal até Poços de Caldas (MG).
Na ocasião, o imperador e sua
mulher ficaram hospedados na
chácara do advogado Rodrigo Pereira Barreto.
Em 1910, o escritório de engenharia de Francisco de Paulo Ramos de Azevedo apresentou um
projeto para a construção de uma
nova estação, que nunca foi executado. Com a crise do café, a ferrovia passou a perder sua influência e, a partir da década de 50, a
malha entrou em decadência.
De acordo com Maria Célia, esse processo de decadência se deve
principalmente à queda do café
na década de 30 e a uma política
unicamente econômica.
"Podemos dizer que a ferrovia
foi um dos principais marcos do
desenvolvimento da região. Com
ela, chegaram os imigrantes e a
mão-de-obra operária. Contudo,
ela foi construída exclusivamente
com fins econômicos. Quando o
café caiu, ela foi junto, pois não
existia nenhum trabalho social
para toda a malha ferroviária."
A decadência da Companhia
Mogiana, que foi incorporada pela Fepasa (Ferrovias Paulistas
S.A.R. da Consolação), também
provocou a demolição da estação,
em 1967.
Desde 1997, a cidade não conta
com o transporte de passageiros.
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