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145 ANOS
Denominação do local, cuja obra foi financiada pela cervejaria Paulista, foi escolhida por uma votação popular
Teatro poderia ter nome de dono de bordel
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
O Theatro Pedro II, principal
símbolo de Ribeirão Preto, poderia ter sido chamado de François
Cassoulet. A casa de espetáculos,
inaugurada em 8 de outubro de
1930 (cinco dias após o início da
Revolução de 1930), contou com
uma votação popular para definir
a escolha do nome.
Segundo a pesquisadora Liamar
Izilda Tuon, os nomes propostos
foram do imperador do Brasil
-dom Pedro 2º- e do proprietário do cassino Antarctica (Cassoulet), que funcionava como um
bordel de luxo na cidade.
Apesar da popularidade do
francês, principalmente entre os
barões do café, o nome do imperador acabou agradando mais a
população.
Para Liamar, a trajetória de Cassoulet na sociedade ribeirão-pretana é repleta de contradições.
"No livro de registros do cemitério da Saudade, consta que Cassoulet morreu como indigente.
Algo muito estranho para um homem que era rico e dono de um
cassino", afirma Liamar.
Nova era
Ao contrário do teatro Carlos
Gomes, que foi símbolo da ostentação dos barões do café, o Theatro Pedro II foi construído com os
recursos da cervejaria Paulista. De
acordo com a pesquisadora e arquiteta Valéria Valadão, o teatro
foi criado porque a empresa passou a investir na cultura.
"O Pedro II foi totalmente financiado pela cervejaria Paulista.
Por isso, o nome Quarteirão Paulista [onde está localizado o teatro] ficou até hoje. O teatro só passou a pertencer à prefeitura quando ele foi tombado como patrimônio histórico", afirma.
A ligação do teatro com outros
prédios do quarteirão também
originou várias histórias, segundo
a pesquisadora.
Ela diz que a mais curiosa envolvia a existência de uma passagem
secreta, ligando o teatro ao Palace
Hotel, que os coronéis utilizariam
para se encontrarem com as dançarinas do cassino.
"Existe uma ligação entre o teatro e o hotel no terceiro pavilhão,
mas foi construída como uma
passagem de segurança."
A pesquisadora afirma que o
teatro também foi "palco" de reuniões históricas, como uma do extinto Partido Integralista de Plínio
Salgado, uma versão nacional do
Partido Nazi-Fascista.
No início da década de 80, o teatro foi destruído por um incêndio
que teve início durante a exibição
do filme "Os Três Mosqueteiros
Trapalhões".
Mesmo sendo tombado pelo
patrimônio histórico, em 1982, o
local ficou interditado até 1996,
quando foi reinaugurado após
uma reforma da Prefeitura de Ribeirão.
(MARINA ROSSINI)
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