Ribeirão Preto, Terça-feira, 19 de Junho de 2001

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145 ANOS
Denominação do local, cuja obra foi financiada pela cervejaria Paulista, foi escolhida por uma votação popular
Teatro poderia ter nome de dono de bordel

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O Theatro Pedro II, principal símbolo de Ribeirão Preto, poderia ter sido chamado de François Cassoulet. A casa de espetáculos, inaugurada em 8 de outubro de 1930 (cinco dias após o início da Revolução de 1930), contou com uma votação popular para definir a escolha do nome.
Segundo a pesquisadora Liamar Izilda Tuon, os nomes propostos foram do imperador do Brasil -dom Pedro 2º- e do proprietário do cassino Antarctica (Cassoulet), que funcionava como um bordel de luxo na cidade.
Apesar da popularidade do francês, principalmente entre os barões do café, o nome do imperador acabou agradando mais a população.
Para Liamar, a trajetória de Cassoulet na sociedade ribeirão-pretana é repleta de contradições.
"No livro de registros do cemitério da Saudade, consta que Cassoulet morreu como indigente. Algo muito estranho para um homem que era rico e dono de um cassino", afirma Liamar.

Nova era
Ao contrário do teatro Carlos Gomes, que foi símbolo da ostentação dos barões do café, o Theatro Pedro II foi construído com os recursos da cervejaria Paulista. De acordo com a pesquisadora e arquiteta Valéria Valadão, o teatro foi criado porque a empresa passou a investir na cultura.
"O Pedro II foi totalmente financiado pela cervejaria Paulista. Por isso, o nome Quarteirão Paulista [onde está localizado o teatro] ficou até hoje. O teatro só passou a pertencer à prefeitura quando ele foi tombado como patrimônio histórico", afirma.
A ligação do teatro com outros prédios do quarteirão também originou várias histórias, segundo a pesquisadora.
Ela diz que a mais curiosa envolvia a existência de uma passagem secreta, ligando o teatro ao Palace Hotel, que os coronéis utilizariam para se encontrarem com as dançarinas do cassino.
"Existe uma ligação entre o teatro e o hotel no terceiro pavilhão, mas foi construída como uma passagem de segurança."
A pesquisadora afirma que o teatro também foi "palco" de reuniões históricas, como uma do extinto Partido Integralista de Plínio Salgado, uma versão nacional do Partido Nazi-Fascista.
No início da década de 80, o teatro foi destruído por um incêndio que teve início durante a exibição do filme "Os Três Mosqueteiros Trapalhões".
Mesmo sendo tombado pelo patrimônio histórico, em 1982, o local ficou interditado até 1996, quando foi reinaugurado após uma reforma da Prefeitura de Ribeirão. (MARINA ROSSINI)

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