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Jovem do início do século cometia crime "menor", aponta USP
Estudo feito em Ribeirão analisou situações de pobreza e de marginalidade de 1900 a 1930 entre vários adolescentes
Delitos mais comuns eram furtos de carteiras e roubos a casas, ao contrário do crime em massa registrado hoje, aponta a pesquisa
DA FOLHA RIBEIRÃO
Furtos de carteira e pequenos assaltos a casas da alta sociedade, estimulados pela pobreza. Jornais e documentos
antigos revelam um perfil romântico dos crimes praticados
por adolescentes de Ribeirão
Preto no início do século 20.
Pesquisa da USP de Ribeirão
com documentos datados de
1900 a 1930, encontrados no
Arquivo Público e Histórico da
cidade, na Câmara e em processos antigos no Fórum, retratam
como viveram as crianças e os
adolescentes órfãos e abandonados envolvidos com a marginalidade.
O estudo foi desenvolvido
nos últimos três anos pelo historiador Sérgio Fonseca, docente do Departamento de Psicologia e Educação.
No início do século, a atenção
a menores carentes era praticamente nula -ficava restrita a
atos de caridade de grupos da
sociedade. Em Ribeirão, só havia instituições particulares: o
asilo de órfãos Anália Franco,
para meninas, e o Instituto de
Proteção e Assistência à Infância Dr. Antônio Gouveia.
Jornais de São Paulo, cujo
modelo era copiado no interior,
descreviam de forma pejorativa o trabalho de "biscates" feito
por crianças, como o serviço de
jornaleiro.
"Durante o dia, muitos encobrem seu verdadeiro mister
apregoando "jornaes", fazendo
carretos; uma vez que anoitece,
prestam auxílio "efficaz" aos gatunos adultos", descreveu um
jornal paulistano. O trabalho
infantil no campo -na cultura
do café- era o destino de crianças pobres.
A maior parte dos delitos infantis era de furto de carteiras,
roubo a casas ou uso de arma de
fogo. "Não é a violência em
massa como se vê hoje disseminada entre os jovens", afirmou
o historiador.
Apesar das diferenças de
época, um ponto mantém-se
comum: a pobreza. "O que permanece inalterado é que a miséria é a principal causa da delinquência juvenil."
A educação deficiente também tem culpa neste cenário,
diz Fonseca. Se no passado a escolaridade era praticamente
nula, hoje, porém, a oferta é
universal. Mas a má qualidade
do ensino ainda não faz com
que a educação seja fator determinante para afastar o adolescente da criminalidade, segundo o professor.
(JULIANA COISSI)
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