Ribeirão Preto, Domingo, 19 de Julho de 2009

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Resistente à cana, seringal tem alta de 90% na produção

Em Barretos, cultura é a única que não perdeu espaço para a cana-de-açúcar

Número de pés saltou de 1,5 milhão em 1998 para 2,8 milhões no ano passado, aponta IEA; pequenos podem produzir facilmente

Edson Silva/ Folha Imagem
Alexandre Oliveira Brito, 23, colhe coágulo de seringueira na fazenda Seringais de Iracema; funcionários fazem treinamento

JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO

Cultivados na região de Barretos desde a década de 60, os seringais formam a única cultura que resistiu ao avanço da cana-de-açúcar sobre as áreas agrícolas nos últimos anos.
De 1998 a 2008, o número de seringueiras em produção nos 19 municípios que compõem a área do EDR (Escritório de Desenvolvimento Agrícola) de Barretos aumentou 90%, de 1,5 milhão para 2,8 milhões de pés plantados, segundo dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola).
A cana-de-açúcar teve aumento maior -a área plantada passou de 176.212 hectares para 388.516, incremento de 120% no período-, mas esse avanço se deu, principalmente, sobre áreas de pastagens e grãos.
No mesmo período, o território destinado ao plantio da soja caiu de 96.165 hectares para 42.055 (-56%). A área do milho teve queda de 59%, de 23.479 hectares para 9.581. Já o número de bois criados na região despencou de 101.810 para 79.362 (-22%).
Uma das grandes vantagens da heveicultura, como é chamado o cultivo das seringueiras, é que ela é "democrática", segundo o diretor do EDA (Escritório de Defesa Agropecuária) de Barretos, Paulo Fernando de Brito. "Pode ser plantada em pequenas, médias e grandes propriedades", disse.
Essa característica, segundo ele, a diferencia de outras culturas, como a de grãos e a de cana, que precisam de maior escala de produção para dar lucro ao investidor.
Outra vantagem é o custo mais baixo para a manutenção dos seringais, diz o produtor Marcelo Jamal Pereira. A parte mais alta do investimento, segundo ele, é o plantio de novas árvores.
Já durante a safra, que dura 11 meses, os maiores gastos são com mão-de-obra, afirma Brito. De acordo com o diretor do EDA, os seringueiros precisam passar por treinamento especializado.
Nem tudo, porém, é comemoração no setor. A queda no preço do coágulo no final do ano passado assustou os produtores -em média, o quilo despencou de R$ 2,20 para R$ 1 .
Para Jamal, a redução do valor mostrou o poder que as indústrias têm de formar o preço do produto. Atualmente, a matéria-prima da borracha está cotada a R$ 1,30, em média.
A esse preço, a cultura se mantém viável, afirma o secretário de Estado da Agricultura, João Sampaio -ele próprio um heveicultor. Para Sampaio, os seringais passam pelas mesmas dificuldades enfrentadas por outras culturas, por causa da crise.
Apesar de reconhecer que a receita menor pode dificultar novos investimentos, o secretário diz que a queda servirá para forçar o setor a enxugar custos e aumentar sua produtividade.


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