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Resistente à cana, seringal tem alta de 90% na produção
Em Barretos, cultura é a única que não perdeu espaço para a cana-de-açúcar
Número de pés saltou de 1,5 milhão em 1998 para 2,8 milhões no ano passado, aponta IEA; pequenos podem produzir facilmente
Edson Silva/ Folha Imagem
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Alexandre Oliveira Brito, 23, colhe coágulo de seringueira na fazenda Seringais de Iracema; funcionários fazem treinamento
JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Cultivados na região de Barretos desde a década de 60, os
seringais formam a única cultura que resistiu ao avanço da
cana-de-açúcar sobre as áreas
agrícolas nos últimos anos.
De 1998 a 2008, o número de
seringueiras em produção nos
19 municípios que compõem a
área do EDR (Escritório de Desenvolvimento Agrícola) de
Barretos aumentou 90%, de 1,5
milhão para 2,8 milhões de pés
plantados, segundo dados do
IEA (Instituto de Economia
Agrícola).
A cana-de-açúcar teve aumento maior -a área plantada
passou de 176.212 hectares para 388.516, incremento de
120% no período-, mas esse
avanço se deu, principalmente,
sobre áreas de pastagens e
grãos.
No mesmo período, o território destinado ao plantio da soja
caiu de 96.165 hectares para
42.055 (-56%). A área do milho
teve queda de 59%, de 23.479
hectares para 9.581. Já o número de bois criados na região despencou de 101.810 para 79.362
(-22%).
Uma das grandes vantagens
da heveicultura, como é chamado o cultivo das seringueiras, é que ela é "democrática",
segundo o diretor do EDA (Escritório de Defesa Agropecuária) de Barretos, Paulo Fernando de Brito. "Pode ser plantada
em pequenas, médias e grandes
propriedades", disse.
Essa característica, segundo
ele, a diferencia de outras culturas, como a de grãos e a de cana, que precisam de maior escala de produção para dar lucro
ao investidor.
Outra vantagem é o custo
mais baixo para a manutenção
dos seringais, diz o produtor
Marcelo Jamal Pereira. A parte
mais alta do investimento, segundo ele, é o plantio de novas
árvores.
Já durante a safra, que dura
11 meses, os maiores gastos são
com mão-de-obra, afirma Brito. De acordo com o diretor do
EDA, os seringueiros precisam
passar por treinamento especializado.
Nem tudo, porém, é comemoração no setor. A queda no
preço do coágulo no final do
ano passado assustou os produtores -em média, o quilo despencou de R$ 2,20 para R$ 1 .
Para Jamal, a redução do valor mostrou o poder que as indústrias têm de formar o preço
do produto. Atualmente, a matéria-prima da borracha está
cotada a R$ 1,30, em média.
A esse preço, a cultura se
mantém viável, afirma o secretário de Estado da Agricultura,
João Sampaio -ele próprio um
heveicultor. Para Sampaio, os
seringais passam pelas mesmas
dificuldades enfrentadas por
outras culturas, por causa da
crise.
Apesar de reconhecer que a
receita menor pode dificultar
novos investimentos, o secretário diz que a queda servirá para
forçar o setor a enxugar custos
e aumentar sua produtividade.
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