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Loucos por cachorros
Criadores de cães consomem o tempo todo com animais, chegam a gastar R$ 600 por mês e até se mudam por causa de reclamações dos vizinhos
JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO
Eles consomem todo o
tempo em torno de uma paixão que vem da infância.
Chegam a envolver a família
na atividade, mudam de casa
para não incomodar vizinhos
e viajam para alimentar o
que chamam de esporte.
Os criadores de cães de raça em Ribeirão Preto chegam
a gastar por mês R$ 600 com
um animal "campeão" só em
alimentação, vacinas e cuidados com o pelo. Isso sem
contar os custos com exposições, como taxas de inscrição e gastos com transporte.
A paixão muitas vezes se
torna o ofício: alguns criadores vivem da venda de filhotes que, não raro, podem custar até R$ 3.000.
O mercado de criação envolve na região cerca de 600
associados ao Kennel Club
de Ribeirão. Destes, há cerca
de 250 a 300 criadores ativos.
O Kennel registrou em
2009 3.140 ninhadas de cães
-com três a sete filhotes.
Registrar significa ver qual
a linhagem do filhote (pais,
avós e bisavós) e emitir certificado de que ele é puro.
As raças mais procuradas
variam conforme a moda, segundo André Alves Fontes
Teixeira, do Kennel Club, e
também criador da raça mastino napoletano.
Se o pit bull já foi febre há
oito anos, hoje não há procura. O interesse atual é por
cães delicados, os "de apartamento". São eles o shih tzu,
o maltês, o ihasa apso e o
yorkshire. Patrícia Brigato,
38, decidiu investir na paixão
que vem de criança. Há oito
anos, à procura de um cão,
escolheu Sway, da raça shih
tzu. "Apaixonei-me pela raça, pelo comportamento."
Resolveu trazer da capital
quatro fêmeas. Ela cria shih
tzu há cinco anos.
Atualmente, cuida de 110
animais em seu canil, no Planalto Verde. Um filhote pode
custar até R$ 3.000.
A criadora também participa de exposições por todo o
Estado. A fêmea Shaya é uma
das mais premiadas.
A vida de Patrícia gira em
torno dos shih tzus. Como
não tem empregados, ela e o
filho são os responsáveis por
alimentar e dar banho nos
animais. Como se não bastasse o serviço no canil, ela levou para a própria casa o que
chama de "maternidade",
voltada para as fêmeas que
estão para dar cria.
"Mas eu não ligo. Eu até
prefiro lidar com animais.
Eles são muito carinhosos."
Após dedicar a vida à medicina, Rubens Rosette, 74,
decidiu voltar às origens,
quando vivia em sítio, cercado de cães.
O médico, que também é
fazendeiro, cria labradores
há 15 anos. Apesar de menos
procurada do que os pequenos "cães de apartamento",
os labradores ainda atraem
clientes que têm espaço.
O atual ofício surgiu por
acaso. Rubens deu uma labrador fêmea para o filho.
"Mas ele não tinha tempo para cuidar. Como eu tinha fazenda, decidi ficar com ela."
O criador comprou algumas fêmeas em São Paulo.
Hoje, possui dez fêmeas e sete machos. Os filhotes custam R$ 900, em média.
Se antes cuidava dos animais em sua própria casa,
Rubens precisou se mudar
para uma chácara por causa
dos latidos.
Os cães tomam todo o tempo dele e de sua mulher. "Faço tudo. Acompanho parto,
dou vacina, limpo o canil.
Nem consigo mais viajar,
porque não posso deixá-los
sozinhos", afirmou.
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