Ribeirão Preto, Domingo, 19 de Setembro de 2010

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Loucos por cachorros

Criadores de cães consomem o tempo todo com animais, chegam a gastar R$ 600 por mês e até se mudam por causa de reclamações dos vizinhos

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

Eles consomem todo o tempo em torno de uma paixão que vem da infância. Chegam a envolver a família na atividade, mudam de casa para não incomodar vizinhos e viajam para alimentar o que chamam de esporte.
Os criadores de cães de raça em Ribeirão Preto chegam a gastar por mês R$ 600 com um animal "campeão" só em alimentação, vacinas e cuidados com o pelo. Isso sem contar os custos com exposições, como taxas de inscrição e gastos com transporte.
A paixão muitas vezes se torna o ofício: alguns criadores vivem da venda de filhotes que, não raro, podem custar até R$ 3.000.
O mercado de criação envolve na região cerca de 600 associados ao Kennel Club de Ribeirão. Destes, há cerca de 250 a 300 criadores ativos.
O Kennel registrou em 2009 3.140 ninhadas de cães -com três a sete filhotes.
Registrar significa ver qual a linhagem do filhote (pais, avós e bisavós) e emitir certificado de que ele é puro.
As raças mais procuradas variam conforme a moda, segundo André Alves Fontes Teixeira, do Kennel Club, e também criador da raça mastino napoletano.
Se o pit bull já foi febre há oito anos, hoje não há procura. O interesse atual é por cães delicados, os "de apartamento". São eles o shih tzu, o maltês, o ihasa apso e o yorkshire. Patrícia Brigato, 38, decidiu investir na paixão que vem de criança. Há oito anos, à procura de um cão, escolheu Sway, da raça shih tzu. "Apaixonei-me pela raça, pelo comportamento."
Resolveu trazer da capital quatro fêmeas. Ela cria shih tzu há cinco anos.
Atualmente, cuida de 110 animais em seu canil, no Planalto Verde. Um filhote pode custar até R$ 3.000.
A criadora também participa de exposições por todo o Estado. A fêmea Shaya é uma das mais premiadas.
A vida de Patrícia gira em torno dos shih tzus. Como não tem empregados, ela e o filho são os responsáveis por alimentar e dar banho nos animais. Como se não bastasse o serviço no canil, ela levou para a própria casa o que chama de "maternidade", voltada para as fêmeas que estão para dar cria.
"Mas eu não ligo. Eu até prefiro lidar com animais. Eles são muito carinhosos."
Após dedicar a vida à medicina, Rubens Rosette, 74, decidiu voltar às origens, quando vivia em sítio, cercado de cães.
O médico, que também é fazendeiro, cria labradores há 15 anos. Apesar de menos procurada do que os pequenos "cães de apartamento", os labradores ainda atraem clientes que têm espaço.
O atual ofício surgiu por acaso. Rubens deu uma labrador fêmea para o filho. "Mas ele não tinha tempo para cuidar. Como eu tinha fazenda, decidi ficar com ela."
O criador comprou algumas fêmeas em São Paulo. Hoje, possui dez fêmeas e sete machos. Os filhotes custam R$ 900, em média.
Se antes cuidava dos animais em sua própria casa, Rubens precisou se mudar para uma chácara por causa dos latidos.
Os cães tomam todo o tempo dele e de sua mulher. "Faço tudo. Acompanho parto, dou vacina, limpo o canil. Nem consigo mais viajar, porque não posso deixá-los sozinhos", afirmou.


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