Ribeirão Preto, Segunda-feira, 19 de Setembro de 2011

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Após mortes, grupos se mobilizam por mudanças na Tusca

Excessos na festa universitária já são discutidos pela Câmara, Promotoria e até por igrejas de São Carlos

Um estudante e uma idosa morreram após ocorrências ligadas diretamente ao evento que terminou ontem


ELIDA OLIVEIRA
DE RIBEIRÃO PRETO

Quatro dias de festas e ao menos duas mortes. Os registros policiais se sobressaem aos jogos entre universitários na Tusca (Taça Universitária de São Carlos), que terminou ontem em São Carlos.
Os excessos já mobilizam setores da sociedade, que querem mudanças na Tusca.
As discussões envolvem a Câmara Municipal, o Ministério Público e até igrejas.
O evento é realizado anualmente por atléticas da USP (Universidade de São Paulo) e da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).
Além de dois atropelamentos -que mataram um jovem na quinta-feira e uma idosa no sábado- houve tráfico e posse de drogas, roubos, furtos e ao menos 68 atendimentos em duas unidades de saúde por abuso de álcool.
Os números oficiais serão divulgados hoje e poderão indicar mais casos, já que muitos foram atendidos em ambulâncias contratadas pela organização da festa.
A principal reclamação é contra o Corso, espécie de micareta com trio elétrico que abre o evento universitário.
Foi lá que o jovem Bruno Cristiano de Oliveira, 23, morreu atropelado por um caminhão que vendia cervejas.
"A festa passou dos limites", disse o vereador Equimarcilias Freire (PMDB), que na sexta protocolou pedido para revogar a lei que inclui a festa no calendário oficial do município. Ano passado, outro jovem morreu no Corso após cair em um córrego.
Para o delegado da Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes), Gilberto de Aquino, o Corso "é um total descontrole".
"Se as autoridades vissem o que eu vi -sexo, drogas, gente caída na rua por excesso de bebida- não permitiriam esse evento na cidade."
O ex-presidente da Associação Comercial de São Carlos, José Eduardo Casemiro, também é contra. "Fui atleta da Tusca há 30 anos, mas hoje o foco mudou do esporte para as bebidas. Sou contra."

ABAIXO-ASSINADO
O padre Eduardo Malaspina, da paróquia São Nicolau de Flüe, e o padre Paulo Fernando Dalla Dea, da paróquia São Domingos Sávio, organizam abaixo-assinados contra a Tusca. Os papéis serão encaminhados à Promotoria.
"Gosto de festas, mas não podemos fazê-las às custas de velórios", disse Dalla Dea.
No sábado, ele velou Rosa Buzzo Zuccolotto, 82, que foi atropelada pelo universitário Ewerton Diego Gonçalves, 23, quando ele saía da Tusca.
Durante as missas, Dalla Dea e Malaspina estão falando contra a festa. Segundo os padres, a comunidade tem aplaudido o posicionamento.
Eles esperam reunir 15 mil assinaturas como apoio a uma revisão na estrutura da festa. Para Malaspina, o evento deve voltar a ser esportivo.
O promotor de Direitos Humanos Osvaldo Bianchini Filho recebeu uma representação na sexta -ele só vai se pronunciar após analisá-la.


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