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VIOLÊNCIA
Empresário, preso desde setembro de 98 por matar garota de programa em Ribeirão, deve sair da cadeia ainda hoje
STF solta acusado de arrastar prostituta
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E
DA FOLHA RIBEIRÃO
O STF (Supremo Tribunal Federal) concedeu no final da tarde de
ontem um habeas corpus ao empresário Pablo Russel Rocha.
Ele está preso desde setembro
de 1998 sob a acusação de ter arrastado até a morte a garota de
programa Selma Heloíse Artigas
da Silva, conhecida como Nicole,
presa ao cinto de segurança de sua
camionete Pajero. O empresário
pode ser solto hoje.
A decisão foi tomada pela Segunda Turma do STF, composta
por cinco ministros -Néri da Silveira, Celso de Mello, Marco Aurélio de Mello, Maurício Corrêa e
Nelson Jobim-, que julgou ter
ocorrido excesso no prazo da prisão preventiva. O relator do habeas corpus foi Celso de Mello.
O advogado de Rocha, Luiz Carlos Bento, disse que o pedido foi
apresentado pelo advogado Sergei Cobra Arbex, do grupo de defesa da cidadania da Faculdade de
Direito do Largo São Francisco,
de São Paulo.
De acordo com Bento, o juiz de
Ribeirão Preto Luiz Augusto Freire Teotônio pronunciou Rocha
para levá-lo a júri popular pelo
crime. Ele recorreu ao TJ (Tribunal de Justiça), que manteve a
pronúncia e a prisão preventiva.
Em seguida, o advogado apresentou recurso ao STJ, que anulou
o julgamento do TJ, mas manteve
a prisão preventiva. Com a anulação, o TJ terá de julgar de novo o
recurso apresentado.
"O recurso no STF foi apresentado contra o STJ, que não justificou porque manteve a prisão,
sendo que ele está preso há dois
anos e três meses", disse Bento.
De acordo com o advogado, assim que a decisão do STF chegar
ao Fórum de Ribeirão Preto, o juiz
Teotônio terá de emitir um alvará
de soltura. "Ele deve ser solto no
final da tarde de hoje, mas vai depender da hora em que o documento chegar ao fórum", disse.
Rocha está preso na Cadeia de Vila Branca.
"O processo vai continuar. Vamos fazer de tudo para provar a
inocência dele", disse Bento. De
acordo com ele, Rocha não pode
mais ser preso por este caso antes
do julgamento definitivo.
Bento explica que o TJ ainda terá de decidir se mantém ou não a
pronúncia de Rocha feita pelo juiz
de Ribeirão e levá-lo a júri.
"Se tivermos de ir a júri popular,
vamos sem nenhum problema",
declarou Bento.
De acordo com o advogado de
defesa, um laudo feito por especialistas da USP (Universidade de
São Paulo) apontou que Selma estava segurando o cinto de segurança da camionete. "Isso significa que ela não foi amarrada", disse o advogado.
Ele afirma, ainda, que o caso de
Rocha foi citado em um relatório
da Anistia Internacional por violação dos direitos humanos. Entre
outras coisas, o relatório teria
apontado que ele está preso preventivamente por muito tempo.
A Folha não localizou, no início
da noite de ontem, o promotor
responsável pela acusação do empresário, José Vicente Pinto Ferreira, nem o juiz.
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