|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"É muito chato virar o ano no canavial", diz boia-fria
Boias-frias vão protestar em frente à usina Maringá
DA FOLHA RIBEIRÃO
Parte dos migrantes se revoltou ao saber que não vão receber o acerto neste final de semana para voltar para casa. Segundo Francisco das Chagas
Nunes Ferreira, 22, que trabalha na usina Maringá, parte dos
colegas que vieram com ele do
Maranhão ameaça ir embora
nos próximos dias, mesmo sem
receber.
Pelo menos duas turmas, de
80 boias-frias, pretendem fazer
o último dia de safra hoje e, na
próxima segunda, protestar em
frente à Maringá.
"É muito chato virar o ano
trabalhando nesta safra. Ninguém concordou. Todo mundo
está cansado, precisa ver a família. E também tem a nossa lavoura para a gente cuidar", disse Ferreira.
Segundo o cortador, a usina
disse que quem for embora vai
receber o acerto em um cheque, mas sem fundo. O dinheiro
só será depositado depois.
"E o feitor está falando que,
se a gente não trabalhar, vai levar gancho, advertência e descontar do salário."
Em sua segunda safra, Francisco Barros Afonso, 33, que
corta cana para a usina Moreno, surpreendeu-se com a notícia de que não verá a mulher
neste Natal. Ele deixou lavoura
e a família no Maranhão.
No ano passado, Afonso conseguiu tomar um ônibus no dia
23 de dezembro. Quieto, o boia-fria não se mostra revoltado.
"Vou passar o Natal aqui, né?
Fazer o quê? Preciso esperar a
safra terminar."
Texto Anterior: Pela primeira vez, migrante passa o Natal cortando cana Próximo Texto: 50 milhões de t de cana ainda estão no pé, diz Unica Índice
|