Ribeirão Preto, Sábado, 19 de Dezembro de 2009

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"É muito chato virar o ano no canavial", diz boia-fria

Boias-frias vão protestar em frente à usina Maringá

DA FOLHA RIBEIRÃO

Parte dos migrantes se revoltou ao saber que não vão receber o acerto neste final de semana para voltar para casa. Segundo Francisco das Chagas Nunes Ferreira, 22, que trabalha na usina Maringá, parte dos colegas que vieram com ele do Maranhão ameaça ir embora nos próximos dias, mesmo sem receber.
Pelo menos duas turmas, de 80 boias-frias, pretendem fazer o último dia de safra hoje e, na próxima segunda, protestar em frente à Maringá.
"É muito chato virar o ano trabalhando nesta safra. Ninguém concordou. Todo mundo está cansado, precisa ver a família. E também tem a nossa lavoura para a gente cuidar", disse Ferreira.
Segundo o cortador, a usina disse que quem for embora vai receber o acerto em um cheque, mas sem fundo. O dinheiro só será depositado depois.
"E o feitor está falando que, se a gente não trabalhar, vai levar gancho, advertência e descontar do salário."
Em sua segunda safra, Francisco Barros Afonso, 33, que corta cana para a usina Moreno, surpreendeu-se com a notícia de que não verá a mulher neste Natal. Ele deixou lavoura e a família no Maranhão.
No ano passado, Afonso conseguiu tomar um ônibus no dia 23 de dezembro. Quieto, o boia-fria não se mostra revoltado. "Vou passar o Natal aqui, né? Fazer o quê? Preciso esperar a safra terminar."


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