Ernesto Rodrigues/Folha Imagem

Vista do campo de futebol por onde os adolescentes fugiram ontem

da Folha Ribeirão

Um grupo de 14 adolescentes escapou ontem da unidade da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) de Ribeirão Preto na maior fuga registrada no local nos últimos três anos.
Os internos pularam uma tela de 4,2 metros de altura quando estavam sendo levados para jogar futebol, por volta das 15h.
Outros quatro adolescentes que tentavam fugir foram detidos. Segundo a direção da fundação, três monitores acompanhavam os internos.
Foi a quinta fuga registrada este ano na unidade. Ao todo, já fugiram 22 adolescentes em 99.
Após a fuga de ontem à tarde, a Febem tinha 156 crianças e adolescentes detidos para uma capacidade de 160.
Os adolescentes que fugiram ontem estavam alojados no pavilhão 1, que tinha 28 internos.
De acordo com o diretor da Febem de Ribeirão, José Braga, todos eram reincidentes e alguns já estavam sentenciados.
"Há garotos considerados perigosos entre os que fugiram. Todos os adolescentes que estão aqui cometeram infrações de médias para graves. Não temos mais casos de infrações leves", afirma Braga.
Até as 19h apenas um dos fugitivos havia sido recapturado pela Polícia Militar.
Para o diretor da fundação, a fuga deve ter sido premeditada. Os meninos praticam atividades esportivas duas vezes por semana.
"O plano de fuga é constante para esses adolescentes. Eles decidiram aproveitar a hora da prática esportiva, fora do pavilhão."
O promotor Luiz Henrique Pacini Costa, da Vara da Infância e da Juventude, diz que a fuga poderia ter sido evitada.
"Foi falta de atenção dos funcionários. Há uma determinação para que toda vez que os meninos forem jogar bola, sejam convocados seguranças do lado de fora do campo. Se isso não ocorre, estão estimulando a fuga."
Além dos monitores da Febem, uma empresa terceirizada e um policial militar fazem a segurança externa da unidade.
"Considero a fuga lamentável e inaceitável, se considerarmos que poderia ter sido impedida. O descaso com a segurança da Febem coloca em risco a segurança da comunidade", afirma Pacini.
Para o promotor, os funcionários que estão em contato com os adolescentes podem perceber quando eles estão eufóricos e têm a intenção de fugir.
"Nesse caso, eles podem diminuir o número de meninos que serão levados para praticar esportes e pedir reforço para funcionários da empresa de segurança."
Um sindicância administrativa vai apurar os motivos da fuga.
O número de adolescentes que fugiram este mês já é o maior desde fevereiro de 97, quando 31 meninos escaparam da unidade.

Projeto
O número de fugas vem diminuindo desde 96, com a criação do Projeto Amanhã.
O projeto conseguiu apoio da iniciativa privada na reforma das instalações e na implantação de oficinas.
A partir do primeiro semestre de 97, os adolescentes foram divididos de acordo com o grau de envolvimento com delitos.
Primários e reincidentes passaram a ficar alojados em alas distintas. Os sentenciados também ganharam pavilhão separado.
"Essa separação ajudou a melhorar a situação. Já chegamos a registrar aqui mais de 40 fugas de uma vez", afirma o diretor.



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