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Excesso de chuva prejudica plantações
Produtores da região de abacates, mangas, goiaba, laranja precoce, amendoim e café relatam prejuízos
JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Na semana retrasada, Luiz
Augusto Brigladori, de Jardinópolis, iria abrir as porteiras
de sua propriedade rural à reportagem da Folha para mostrar o estrago provocado pela
chuva na sua plantação de abacates. A chuva, no entanto,
atrapalhou os planos. A plantação fica inacessível nos dias
chuvosos, impedindo tanto as
visitas como a própria colheita.
A alta pluviosidade prejudicou não só os abacates, mas outras culturas com forte presença na região como mangas, laranjas de tipo precoce, amendoim e café. Sem falar na cana-de-açúcar, que ocupa a maior
área na região e cuja dificuldade na colheita ainda se reflete
nas bombas de etanol nos postos, puxando o preço do combustível mais para cima nesse
período da entressafra.
E as chuvas atípicas dos últimos meses de 2009, que continuam fortes em 2010m, não
atrapalham apenas a colheita.
De acordo com a diretora do
Cepagri (Centro de Pesquisas
Meteorológicas e Climáticas
Aplicadas à Agricultura), Ana
Maria Heuminski de Ávila, a
maior parte das culturas do Estado foi prejudicada pelo excesso de água.
Os efeitos começaram no desenvolvimento das plantas, segundo ela. No caso da fruticultura e do café, por exemplo, o
prejuízo começou na florada.
Com esse estágio prejudicado,
o de maturação sofreu com a irregularidade -alguma frutas,
por exemplo, ficaram prontas
para a colheita antes que outras do mesmo pé.
O excesso de umidade também fez proliferar fungos nas
plantas, provocando perda de
qualidade dos frutos. Foi o caso
dos abacates e mangas produzidos por Brigladori, que ficaram manchados e, em consequência, obtiveram menor
aceitação no mercado.
Com os fungos, houve necessidade, segundo a diretora do
Cepagri, de se aplicar maior volume de defensivos agrícolas. A
chuva quase sem trégua, porém, tornou esse trabalho mais
difícil, já que, além de atrapalhar a aplicação do produto,
também não permitiu a fixação
do defensivo nas plantas.
Com tudo isso, a dificuldade
na colheita foi só mais um obstáculo. O comprometimento da
qualidade dos produtos ainda
impediu que, mesmo com menor oferta, eles atingissem boa
cotação no mercado.
Em Taquaritinga, que produz 45% da manga do Estado
de São Paulo, a previsão era
que a safra, encerrada em janeiro, atingisse mais de 2,8 milhões de caixas da fruta. Houve
quebra, no entanto, de 35%
dessa quantidade por causa da
chuva, segundo o presidente do
Sindicato Rural de Taquaritinga, Marco Antônio dos Santos.
Outra cultura em que Taquaritinga lidera a produção no Estado, a goiaba, também sofreu
com o excesso de chuva. A mesma dificuldade, segundo Santos, foi encontrada por produtores que plantam laranjas do
tipo precoce, ou seja, aquelas
que têm período de amadurecimento menor e ficam disponíveis nos pomares antes dos tipos produzidos na safra, que
começa em abril.
Café
O gerente do departamento
de café da Cocapec (Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas), Anselmo Magno de
Paula, diz que, no caso do café,
cultura com forte presença na
microrregião de Franca, a chuva não causou redução da safra,
mas elevou os custos com defensivos agrícolas para combater a proliferação de fungos e
outras doenças causadas pela
umidade.
De acordo com a diretora do
Cepagri, porém, a cafeicultura
também deve sofrer com uma
frutificação irregular.
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