|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Imposto sindical é a "mola", diz sociólogo
DA FOLHA RIBEIRÃO
O imposto sindical obrigatório, instituído para os sindicatos em 1939 pelo presidente
Getúlio Vargas, e que a partir de
2008 passou a ser compartilhado com as centrais sindicais, é o
mola propulsora das disputas
sindicais travadas atualmente
na região, muitas delas com
respaldo judicial, segundo especialistas ouvidos pela Folha.
Para o sociólogo Ricardo Antunes, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o
acirramento da disputa entre
os sindicatos tem dois fatores,
"intimamente relacionados".
"O primeiro é que há mais de
um ano as centrais passaram a
ter direito ao imposto sindical,
e isso é novo no sindicalismo
brasileiro" disse Antunes.
O segundo, de acordo com o
professor, é a forma de organização dos sindicatos a partir de
sua base de sustentação, feita
com os recursos do imposto
sindical. "A disputa por mais
espaço é também uma disputa
pela ampliação do recurso, e isso no plano sindical se perpetua", afirmou Antunes.
Segundo ele, o fato de os sindicatos terem recursos garantidos por lei, independentemente de sua atuação, os torna dependentes do Estado. Quando
a Justiça é chamada para decidir quem tem o direito de representar os trabalhadores, como em Sertãozinho, São Carlos
e Franca, essa dependência se
torna mais evidente.
Na concepção de Antunes, a
atuação sindical só deve ganhar
em qualidade quando os sindicatos tiverem mais liberdade
para atuar, ou seja, sustentados
voluntariamente por seus filiados e não precisarem atender
ao critério de unicidade -situação hoje em vigor, em que
um único sindicato deve representar, em determinado local,
uma categoria.
Para o pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e da
Economia do Trabalho da Unicamp, José Dari Krein, o imposto sindical torna a cúpula
dos sindicatos independente
dos trabalhadores que representam. Por isso, segundo ele,
quando há um questionamento
sobre a forma de atuação de um
sindicato a batalha é travada na
Justiça, e não a partir da opinião dos trabalhadores.
A fragmentação cada vez
maior das entidades, à medida
em que surgem novos sindicatos, é outro fator a enfraquecer
a atividade, segundo Krein.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Assembleia da CUT reúne sindicalistas de todo o Estado Índice
|