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Exercício não controla pressão alta, diz USP
Pesquisa com 48 mulheres que se exercitaram mostra que só conseguiram reduzir a hipertensão as que perderam peso
Para especialista, estudo comprova a eficácia dos exercícios e da perda de peso, mas que só os fatores combinados são ideais
LEANDRO MARTINS
DA FOLHA RIBEIRÃO
A sugestão do ministro da
Saúde José Gomes Temporão,
que em abril recomendou sexo
no combate à hipertensão arterial, reforçou a já comprovada
tese de que a prática de exercícios físicos é uma aliada contra
a pressão alta.
Porém, um estudo da FMRP
(Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto), da USP, revelou
que o exercício físico não tem
plena eficácia contra a hipertensão se não for acompanhado
da perda de peso.
A pesquisa envolveu o acompanhamento de um grupo de
48 mulheres com IMC (Índice
de Massa Corporal) normal,
com sobrepeso e com obesidade durante 16 meses. Elas passaram por exercícios físicos.
O observado ao final do estudo é que só conseguiram reduzir o índice de hipertensão as
mulheres que também registraram perda de peso.
Não houve acompanhamento nutricional das pacientes
avaliadas. "Nós queríamos avaliar os efeitos só do exercício
sem interferir na rotina alimentar. E o exercício só reduziu [a pressão] nas mulheres
que tiveram redução do peso
também", disse o professor Hugo Celso Dutra de Souza, do Departamento de Biomecânica,
Medicina e Reabilitação.
Funcionária do campus da
USP de Ribeirão, a auxiliar de
biotério Lourdes Silva Castania, 59, foi uma das acompanhadas no estudo. Ela controla
a pressão arterial com medicamentos há dez anos e já registrou picos de pressão alta de 18
por 11 -acima do patamar de 12
por 8 já existe hipertensão.
Durante o estudo, Lourdes
perdeu 4 dos 71 quilos -ela tem
1,50 m de altura. O resultado,
segundo diz, foi que sua pressão se estabilizou em 12 por 8
na época. "Eu até reduzi o remédio para controle da pressão
de três para duas vezes ao dia."
A fisioterapeuta Thaísa Helena Roselli Di Sacco, uma das
pesquisadoras e cujo trabalho
resultou em uma dissertação
de mestrado, disse que o estudo
comprovou a eficácia tanto da
prática de exercícios quanto da
perda de peso, mas que só os fatores combinados são ideais no
controle da hipertensão.
Obesidade
A pesquisa também abriu novas possibilidades para o estudo das causas da obesidade, que
pode estar ligada a uma disfunção do chamado sistema nervoso autônomo, cujo principal
objetivo no corpo humano é o
de manter as funções de órgãos
e sistemas em níveis adequados.
O sistema autônomo regula,
de forma involuntária, todo o
conjunto cardiovascular por
meio de dois componentes: o
simpático, que é responsável
por aumentar a frequência cardíaca quando há necessidade, e
o sistema parassimpático (ou
vago), que tem efeito inverso.
O estudo constatou um padrão entre as mulheres com sobrepeso ou obesas: elas tinham
alterações no sistema.
Isso abriu uma nova investigação, em busca de comprovar
se a obesidade foi a responsável
por essa alteração ou, do contrário, se o aumento de peso foi
causado por uma disfunção que
já existia no sistema autônomo.
"É a obesidade que promove
um desequilíbrio autonômico,
ou será que as mulheres com
esse desequilíbrio têm maior
propensão à obesidade? É isso
que vai ser investigado agora",
disse Souza.
Se comprovada a tese de que
a disfunção pode ter causado a
obesidade, segundo o professor, isso, no futuro, poderá ajudar na detecção precoce de
crianças com propensão ao excesso de peso.
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