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Franca tem a maior incidência de Aids
Estudo da USP diz que a microrregião também é a que tem menos médicos atuantes no tratamento da doença
Microrregião de Franca tem 23,1 casos de Aids para grupo de 100 mil habitantes e menos médicos especialistas
HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO
A microrregião de Franca é
a que tem maior incidência
de casos de Aids no Estado,
23,1 para cada 100 mil habitantes, e a que menos tem
médicos que atuam no tratamento da doença -0,2 para
cem pacientes com HIV.
Os números são do estudo
feito entre 2009 e 2010 pelo
pesquisador Mário Scheffer,
do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade
de Medicina da USP.
O levantamento traça o
perfil de médicos que receitam antirretrovirais para o
tratamento da Aids no Estado. Segundo Scheffer, o estudo mostra a desigualdade na
distribuição de médicos especialistas no tratamento da
doença em São Paulo.
"A maioria dos pacientes
recebeu prescrições de profissionais que reúnem conhecimento e experiência,
mas não podem ser menosprezados os possíveis impactos negativos na saúde dos
pacientes atendidos por médicos sem experiência e sem
especialização", disse.
De acordo com o presidente do Fórum de ONG/Aids do
Estado de São Paulo, Rodrigo
Pinheiro, a região de Franca
sempre foi "complicada".
"A região realmente é uma
das mais complicadas do Estado, inclusive no que diz
respeito às informações de
pacientes com Aids."
Pinheiro afirma que há
problemas de gestão na rede
de saúde básica da região e
que também faltam pacientes mais articulados que se
envolvam com a causa.
"Para se ter uma ideia não
há nenhum grupo de apoio
ao portador de Aids na região. Falta articulação entre
os portadores até para criar
melhorias no tratamento."
Para a gerente da Assistência Integral à Saúde do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids de São
Paulo, Rosa de Alencar Souza, o estudo serve como
"alerta para que a região seja
vista com mais atenção".
"Vamos avaliar quais
ações ou discussões podem
ser feitas e de que maneira
podemos apoiar e orientar os
municípios a pensarem regionalmente na questão.
Também vamos analisar se
esse dados representam uma
baixa qualidade no atendimento da região."
Em seu trabalho, Scheffer
cruzou dados do sistema de
controle logístico de medicamentos do Ministério da Saúde, do banco de dados do
Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo,
do Programa Estadual de
DST/Aids da Secretaria de
Estado da Saúde e do sistema
da Comissão Nacional de Residência Médica.
Dos 3.178 médicos que receitaram antirretrovirais durante os 20 meses analisados, mais da metade (53,1%)
não tinha ou não havia concluído residência médica,
44,7% não possuíam título
de especialista e apenas cerca de 30% do grupo eram especialistas em infectologia.
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