Ribeirão Preto, Terça-feira, 21 de Setembro de 2010

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Franca tem a maior incidência de Aids

Estudo da USP diz que a microrregião também é a que tem menos médicos atuantes no tratamento da doença

Microrregião de Franca tem 23,1 casos de Aids para grupo de 100 mil habitantes e menos médicos especialistas

HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO

A microrregião de Franca é a que tem maior incidência de casos de Aids no Estado, 23,1 para cada 100 mil habitantes, e a que menos tem médicos que atuam no tratamento da doença -0,2 para cem pacientes com HIV.
Os números são do estudo feito entre 2009 e 2010 pelo pesquisador Mário Scheffer, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP.
O levantamento traça o perfil de médicos que receitam antirretrovirais para o tratamento da Aids no Estado. Segundo Scheffer, o estudo mostra a desigualdade na distribuição de médicos especialistas no tratamento da doença em São Paulo.
"A maioria dos pacientes recebeu prescrições de profissionais que reúnem conhecimento e experiência, mas não podem ser menosprezados os possíveis impactos negativos na saúde dos pacientes atendidos por médicos sem experiência e sem especialização", disse.
De acordo com o presidente do Fórum de ONG/Aids do Estado de São Paulo, Rodrigo Pinheiro, a região de Franca sempre foi "complicada".
"A região realmente é uma das mais complicadas do Estado, inclusive no que diz respeito às informações de pacientes com Aids."
Pinheiro afirma que há problemas de gestão na rede de saúde básica da região e que também faltam pacientes mais articulados que se envolvam com a causa.
"Para se ter uma ideia não há nenhum grupo de apoio ao portador de Aids na região. Falta articulação entre os portadores até para criar melhorias no tratamento."
Para a gerente da Assistência Integral à Saúde do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids de São Paulo, Rosa de Alencar Souza, o estudo serve como "alerta para que a região seja vista com mais atenção".
"Vamos avaliar quais ações ou discussões podem ser feitas e de que maneira podemos apoiar e orientar os municípios a pensarem regionalmente na questão. Também vamos analisar se esse dados representam uma baixa qualidade no atendimento da região."
Em seu trabalho, Scheffer cruzou dados do sistema de controle logístico de medicamentos do Ministério da Saúde, do banco de dados do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, do Programa Estadual de DST/Aids da Secretaria de Estado da Saúde e do sistema da Comissão Nacional de Residência Médica.
Dos 3.178 médicos que receitaram antirretrovirais durante os 20 meses analisados, mais da metade (53,1%) não tinha ou não havia concluído residência médica, 44,7% não possuíam título de especialista e apenas cerca de 30% do grupo eram especialistas em infectologia.


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