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PERFIL AYRTON SENNA DA SILVA
A escolha de Senna
Adolescente de Sertãozinho que nasceu dois anos após a morte do tricampeão e ganhou o nome do ídolo do pai sonha chegar à Fórmula 1 ; enquanto isso, se divide entre os estudos e apresentações de bugue
DO ENVIADO ESPECIAL A SUMARÉ
Ayrton Senna da Silva, 14,
nasceu dois anos após a morte de um dos maiores ídolos
do automobilismo mundial
e, claro, não escolheu carregar esse nome, dado pelo pai
para homenagear o piloto
que morreu em 1994.
Mas Seninha -com um
"n" só para evitar problemas
legais- diz ter feito uma escolha talvez até mais pesada
que seu nome. Ele quer ser
piloto de Fórmula 1.
O documentário "Senna",
em cartaz nos cinemas do
país, mostra um pouco dos
desafios que o adolescente
poderá enfrentar.
"Com três anos eu andava
em um carrinho desses movidos a bateria e comecei a correr de kart aos cinco. Meu pai
apoiou desde a primeira vez
que eu falei que queria ser piloto", conta, tentando deixar
claro que escolheu a carreira.
Tímido e de poucos sorrisos, Seninha já sente o peso
da opção, mas diz não se intimidar. Se divide entre Sertãozinho, onde mora a família, e
Sumaré, onde tem mais opções de pista para treinar.
Afastado dos karts há cerca de dois anos, o jovem piloto se prepara para disputar o
campeonato brasileiro em
2011. Ao mesmo tempo, percorre cidades do interior com
apresentações de manobras
em minibugues e até moto.
Seninha conversou com a
Folha na última sexta, em
Sumaré, no banco do ônibus
Mercedez-Bens ano 1986 que
transporta os carros e, às vezes, familiares que o seguem
nas viagens "a trabalho".
A entrevista foi marcada à
tarde, por volta das 14h, a
pedido do pai, o empresário
Aparecido da Silva, 58, para
não atrapalhar a escola.
Seninha afirma ser bom
aluno. "Até vou passar de
ano", diz, a caminho do primeiro ano do ensino médio e
de olho em uma formação
em engenharia mecânica.
"Acho que isso vai me ajudar a entender mais de carros. O Senna sabia muito disso, o filme mostra." Ele assistiu ao documentário na última quinta-feira e comentou
alguns lances.
CENA 1
Grande Prêmio do Japão,
em Suzuka, 1990. Logo após
a largada, Senna e seu arquirrival, o francês Alain
Prost, se tocam em uma curva e saem da corrida. Com os
dois fora, o brasileiro se torna
bicampeão mundial.
O acidente foi apontado
como um "troco" de Senna
em Prost, já que no ano anterior uma batida semelhante,
inclusive na mesma pista,
deu o título ao francês.
Seninha faria o mesmo em
uma situação como essa?
"Acho que sim", responde.
CENA 2
Era 1991 e Senna, que se
tornaria tricampeão mundial
naquele ano, ainda não tinha
vencido no Brasil. Havia muita expectativa para que ele
chegasse na frente naquele
domingo, 24 de março.
E chegou, mas sob muita
pressão. Além de toda a esperança brasileira, Senna teve
de lidar com a perda de cinco
das seis marchas de sua
McLaren nas últimas voltas.
Ao cruzar a linha de chegada, vibra e praticamente desmaia dentro do carro. No pódio, mal consegue levantar o
troféu devido às dores.
"Acho que a pressão deve
ser muito grande mesmo,
mas, quando a gente tem
Deus e a família por perto, dá
para aguentar tudo."
CENA 3
Circuito de Ímola, 1º de
maio de 1994. Agora na Williams, Senna passa reto na
curva Tamburello e bate forte
no muro. Mais tarde viria a
notícia da morte do ídolo.
"Isso realmente dá um
pouco de medo", diz.
(ARARIPE CASTILHO)
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