Ribeirão Preto, Domingo, 21 de Novembro de 2010

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PERFIL AYRTON SENNA DA SILVA

A escolha de Senna

Adolescente de Sertãozinho que nasceu dois anos após a morte do tricampeão e ganhou o nome do ídolo do pai sonha chegar à Fórmula 1 ; enquanto isso, se divide entre os estudos e apresentações de bugue

DO ENVIADO ESPECIAL A SUMARÉ

Ayrton Senna da Silva, 14, nasceu dois anos após a morte de um dos maiores ídolos do automobilismo mundial e, claro, não escolheu carregar esse nome, dado pelo pai para homenagear o piloto que morreu em 1994.
Mas Seninha -com um "n" só para evitar problemas legais- diz ter feito uma escolha talvez até mais pesada que seu nome. Ele quer ser piloto de Fórmula 1.
O documentário "Senna", em cartaz nos cinemas do país, mostra um pouco dos desafios que o adolescente poderá enfrentar.
"Com três anos eu andava em um carrinho desses movidos a bateria e comecei a correr de kart aos cinco. Meu pai apoiou desde a primeira vez que eu falei que queria ser piloto", conta, tentando deixar claro que escolheu a carreira.
Tímido e de poucos sorrisos, Seninha já sente o peso da opção, mas diz não se intimidar. Se divide entre Sertãozinho, onde mora a família, e Sumaré, onde tem mais opções de pista para treinar.
Afastado dos karts há cerca de dois anos, o jovem piloto se prepara para disputar o campeonato brasileiro em 2011. Ao mesmo tempo, percorre cidades do interior com apresentações de manobras em minibugues e até moto.
Seninha conversou com a Folha na última sexta, em Sumaré, no banco do ônibus Mercedez-Bens ano 1986 que transporta os carros e, às vezes, familiares que o seguem nas viagens "a trabalho".
A entrevista foi marcada à tarde, por volta das 14h, a pedido do pai, o empresário Aparecido da Silva, 58, para não atrapalhar a escola.
Seninha afirma ser bom aluno. "Até vou passar de ano", diz, a caminho do primeiro ano do ensino médio e de olho em uma formação em engenharia mecânica.
"Acho que isso vai me ajudar a entender mais de carros. O Senna sabia muito disso, o filme mostra." Ele assistiu ao documentário na última quinta-feira e comentou alguns lances.

CENA 1
Grande Prêmio do Japão, em Suzuka, 1990. Logo após a largada, Senna e seu arquirrival, o francês Alain Prost, se tocam em uma curva e saem da corrida. Com os dois fora, o brasileiro se torna bicampeão mundial.
O acidente foi apontado como um "troco" de Senna em Prost, já que no ano anterior uma batida semelhante, inclusive na mesma pista, deu o título ao francês.
Seninha faria o mesmo em uma situação como essa? "Acho que sim", responde.

CENA 2
Era 1991 e Senna, que se tornaria tricampeão mundial naquele ano, ainda não tinha vencido no Brasil. Havia muita expectativa para que ele chegasse na frente naquele domingo, 24 de março.
E chegou, mas sob muita pressão. Além de toda a esperança brasileira, Senna teve de lidar com a perda de cinco das seis marchas de sua McLaren nas últimas voltas.
Ao cruzar a linha de chegada, vibra e praticamente desmaia dentro do carro. No pódio, mal consegue levantar o troféu devido às dores.
"Acho que a pressão deve ser muito grande mesmo, mas, quando a gente tem Deus e a família por perto, dá para aguentar tudo."

CENA 3
Circuito de Ímola, 1º de maio de 1994. Agora na Williams, Senna passa reto na curva Tamburello e bate forte no muro. Mais tarde viria a notícia da morte do ídolo.
"Isso realmente dá um pouco de medo", diz.
(ARARIPE CASTILHO)


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