Ribeirão Preto, Segunda, 22 de fevereiro de 1999

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ECONOMIA
Cidade é uma das mais afetadas pelo desemprego na região e já começa a registrar aumento de criminalidade
Crise explode desemprego em Matão

Ernesto Rodrigues/Folha Imagem
O metalúrgico Ronaldo Facundes Ferreira, 25, durante entrevista em frente à Marchesan, em Matão


CRISTIANE BARÃO
enviada especial a Matão

Com a economia baseada na indústria e no serviço público, Matão é hoje um dos principais focos de crise da região e passa por um período de demissões em massa nas metalúrgicas e na prefeitura.
A consequência imediata é o crescimento do índice de criminalidade na cidade.
Em janeiro o prefeito Adauto Scardoelli (PT) anunciou o corte de benefícios como cesta básica e convênio médico dos 1.196 servidores e ameaçou demitir até 140. O setor de metalurgia dispensou no ano passado 500 funcionários e acena com uma nova dispensa, de pelo menos 180 trabalhadores.
Segundo levantamento do Sindicato dos Metalúrgicos, em dezembro de 97 o setor empregava 4.600 trabalhadores. Doze meses depois, apenas 3.100 permaneciam.
"Essa é a pior crise na história e não há expectativa de melhora. As empresas estão se informatizando e extinguindo vagas", disse Aparecido Ferrari, presidente.
Devido ao aumento do desemprego, os índices de violência, como furtos, roubos e homicídios, aumentaram. Em 97 houve 2 homicídios e no ano passado, 8. Para o delegado Alfredo Gagliano Júnior, a perspectiva para este ano é que os crimes aumentem ainda mais (leia texto nesta página).
Há 20 dias a Marchesan Implementos Agrícolas afastou 180 dos 1.600 funcionários e afirmou que demitiria caso o sindicato não aprovasse a implantação de um banco de horas. Depois da ameaça da categoria de paralisar a produção, a empresa convocou os afastados, mas não descarta demissões.
A Baldan Implementos Agrícolas demitiu cerca de 180 funcionários em setembro do ano passado. Já a metalúrgica Bambozzi reduziu a jornada de trabalho em um dia para não ter de demitir.
As empresas alegam queda nas vendas, mas há expectativa de retomada da produção.
De acordo com o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), as metalúrgicas terminaram 98 com 65% do número de trabalhadores que tinham em 90.
De dezembro de 97 ao mesmo mês do ano passado, houve uma diminuição de 14% no número de empregos, percentualmente quase a metade das dispensas dos sete anos anteriores.
No serviço público, os dois últimos anos registraram a dispensa de cerca de 200 servidores. Outras 140 vagas devem ser fechadas se o sindicato da categoria não aceitar trabalhar uma hora a menos por dia e reduzir o salário em 25%.
"Tenho que manter a estrutura funcionando e cumprir a lei. Se não houver redução, não vou ter como pagar os funcionários dentro de três meses", disse o prefeito.
Em virtude da crise, a prefeitura está tendo dificuldades de fazer repasses para entidades públicas, como para o único hospital da cidade. A Câmara de Matão está analisando um projeto de PDV (Programa de Demissão Voluntária) apresentado pelo Executivo e proposto pelo sindicato dos servidores.



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