Ribeirão Preto, Domingo, 22 de Março de 2009

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Monte Azul só "perde" para o Palmeiras no campeonato

Atlético tem 75% de aproveitamento na Série A-2 contra 85,7% do Palmeiras na A-1

Equipe que pega hoje o Rio Preto, fora, está invicta há dez jogos; presidente diz que não imaginava chegar tão longe na disputa


LUCAS REIS
ENVIADO ESPECIAL A MONTE AZUL PAULISTA

A população de Monte Azul Paulista cabe, com sobras, dentro do Parque Antártica, estádio do Palmeiras, equipe de melhor campanha dentre as três divisões do Campeonato Paulista. Mas os torcedores do Atlético Monte Azul, clube do município de apenas 19.187 habitantes, têm muitos motivos para se orgulhar de seu time.
O Monte Azul, ou simplesmente Atlético, é dono da segunda melhor campanha dentre as três divisões do futebol paulista. Líder da Série A-2 até o início desta 13ª rodada, tem 75% de aproveitamento de pontos, à frente do Corinthians (71,4%), São Paulo (69%) e Santos (64,3%) e acima, também, da Francana, líder da A-3, que tem 70% de aproveitamento de pontos. O Palmeira tem 85,7%.
A façanha veio após uma sequência de dez jogos sem derrota -nas últimas seis rodadas, foram seis vitórias. Além disso, o Monte Azul, que hoje enfrenta o Rio Preto às 10h, fora de casa, pertence ao menor município dentre todos os clubes inscritos nas divisões da Federação Paulista de Futebol.
"Pra ser bem sincero, não imaginava que a gente fosse chegar tão longe", disse o presidente do Monte Azul, Ricardo Arroyo. A modéstia do dirigente, cujos avós fundaram o clube em 1920, cai por terra quando é feita a iminente pergunta: qual o segredo do Monte Azul?
"O Monte Azul não tem dívidas. Nenhuma. Nem trabalhista nem fiscal, nada. Qual clube brasileiro consegue chegar a este ponto? Com tranquilidade para se trabalhar, fica mais fácil achar um ponto de equilíbrio entre jogadores, comissão técnica e diretoria", disse Arroyo.
Dono da melhor defesa e do segundo melhor ataque do campeonato, o Monte Azul supera, de longe, clubes tradicionais como Comercial, Ferroviária e Juventus. Isso para um clube que disputa a Série A-2 do Paulista pela segunda vez. A maior glória do time azul é o vice-campeonato da A-3 em 2007. Durante boa parte de sua história, limitou-se a disputar torneios amadores e chegou a ser desativado. Agora, sonha em chegar ao topo do Estado.
Administrar o Monte Azul custa, ao todo, R$ 140 mil mensais, sendo pouco mais de R$ 100 mil apenas com a folha de pagamento de jogadores e comissão técnica -valor considerado baixo até mesmo para os padrões da A-2. "É uma folha bem distribuída. Nenhum jogador ganha mais que R$ 4.000", disse Luís Eduardo Cortillazi, diretor de futebol.
O dinheiro para manter o clube vem de oito fontes. Todos os meses, os dirigentes apelam ao grupo de oito pessoas formado por empresários, fazendeiros, produtores de laranja e industriais. Todos entusiastas do time. Os patrocínios nas camisas rendem pouco.
Para manter os colaboradores a par da situação do clube, uma reunião é feita toda semana com pelo menos uma pessoa de cada setor do município que esteja envolvida com o time.
"A gente diz que o Monte Azul recebe "dinheiro podre". As empresas nos doam seus produtos, como máquinas, implementos agrícolas e poços artesianos, e nós nos viramos para vender e ficar com o dinheiro", disse Arroyo.
Se conquistar o acesso, a diretoria pretende ampliar a capacidade de seu estádio -particular- de 12 mil para 15 mil lugares. "Por jogo, a gente coloca cerca de 10% a 15% da população da cidade no estádio. Seria como se o estádio Santa Cruz [do Botafogo] tivesse 55 mil torcedores por jogo", disse Cortillazi.


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