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Monte Azul só "perde" para o Palmeiras no campeonato
Atlético tem 75% de aproveitamento na Série A-2 contra 85,7% do Palmeiras na A-1
Equipe que pega hoje o Rio Preto, fora, está invicta há dez jogos; presidente diz que não imaginava chegar tão longe na disputa
LUCAS REIS
ENVIADO ESPECIAL A MONTE AZUL PAULISTA
A população de Monte Azul
Paulista cabe, com sobras, dentro do Parque Antártica, estádio do Palmeiras, equipe de
melhor campanha dentre as
três divisões do Campeonato
Paulista. Mas os torcedores do
Atlético Monte Azul, clube do
município de apenas 19.187 habitantes, têm muitos motivos
para se orgulhar de seu time.
O Monte Azul, ou simplesmente Atlético, é dono da segunda melhor campanha dentre as três divisões do futebol
paulista. Líder da Série A-2 até
o início desta 13ª rodada, tem
75% de aproveitamento de
pontos, à frente do Corinthians
(71,4%), São Paulo (69%) e Santos (64,3%) e acima, também,
da Francana, líder da A-3, que
tem 70% de aproveitamento de
pontos. O Palmeira tem 85,7%.
A façanha veio após uma sequência de dez jogos sem derrota -nas últimas seis rodadas,
foram seis vitórias. Além disso,
o Monte Azul, que hoje enfrenta o Rio Preto às 10h, fora de casa, pertence ao menor município dentre todos os clubes inscritos nas divisões da Federação Paulista de Futebol.
"Pra ser bem sincero, não
imaginava que a gente fosse
chegar tão longe", disse o presidente do Monte Azul, Ricardo
Arroyo. A modéstia do dirigente, cujos avós fundaram o clube
em 1920, cai por terra quando é
feita a iminente pergunta: qual
o segredo do Monte Azul?
"O Monte Azul não tem dívidas. Nenhuma. Nem trabalhista nem fiscal, nada. Qual clube
brasileiro consegue chegar a este ponto? Com tranquilidade
para se trabalhar, fica mais fácil
achar um ponto de equilíbrio
entre jogadores, comissão técnica e diretoria", disse Arroyo.
Dono da melhor defesa e do
segundo melhor ataque do
campeonato, o Monte Azul supera, de longe, clubes tradicionais como Comercial, Ferroviária e Juventus. Isso para um
clube que disputa a Série A-2 do
Paulista pela segunda vez. A
maior glória do time azul é o vice-campeonato da A-3 em
2007. Durante boa parte de sua
história, limitou-se a disputar
torneios amadores e chegou a
ser desativado. Agora, sonha
em chegar ao topo do Estado.
Administrar o Monte Azul
custa, ao todo, R$ 140 mil mensais, sendo pouco mais de
R$ 100 mil apenas com a folha
de pagamento de jogadores e
comissão técnica -valor considerado baixo até mesmo para
os padrões da A-2. "É uma folha
bem distribuída. Nenhum jogador ganha mais que R$ 4.000",
disse Luís Eduardo Cortillazi,
diretor de futebol.
O dinheiro para manter o
clube vem de oito fontes. Todos
os meses, os dirigentes apelam
ao grupo de oito pessoas formado por empresários, fazendeiros, produtores de laranja e industriais. Todos entusiastas do
time. Os patrocínios nas camisas rendem pouco.
Para manter os colaboradores a par da situação do clube,
uma reunião é feita toda semana com pelo menos uma pessoa
de cada setor do município que
esteja envolvida com o time.
"A gente diz que o Monte
Azul recebe "dinheiro podre".
As empresas nos doam seus
produtos, como máquinas, implementos agrícolas e poços artesianos, e nós nos viramos para vender e ficar com o dinheiro", disse Arroyo.
Se conquistar o acesso, a diretoria pretende ampliar a capacidade de seu estádio -particular- de 12 mil para 15 mil lugares. "Por jogo, a gente coloca
cerca de 10% a 15% da população da cidade no estádio. Seria
como se o estádio Santa Cruz
[do Botafogo] tivesse 55 mil
torcedores por jogo", disse Cortillazi.
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