Ribeirão Preto, Domingo, 22 de Março de 2009

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"Não há humor novo", diz Chico Anysio

Artista que se apresenta em Ribeirão na sexta e sábado com Tom Cavalcante diz que só há o humor engraçado e o sem graça

Chico afirma que sente falta, mas não volta mais à TV; segundo ele, não dá para parar de trabalhar, "tem que morrer no palco"


JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

Para quem criou mais de 200 personagens, parece fácil a Chico Anísio, aos 78 anos, manter o ritmo de filmar quase um filme por mês e ainda atuar em três peças humorísticas. Uma delas é "Chico.Tom", em parceria com Tom Cavalcante, que estará em Ribeirão Preto na próxima sexta e sábado. Parece fácil, e é, afirma logo Chico. "Não dá para parar. Tem que morrer no palco." Em entrevista à Folha, Chico diz que não existe humor novo, só o humor engraçado e o sem graça. Leia trechos de entrevista:

 

FOLHA - Como será o show?
CHICO ANÍSIO
- Olha, o show só não é encenado mais vezes porque o Tom [Cavalcante] é muito atarefado na TV. Esse show seria um programa na TV Globo. Aí o Tom foi para a Record e eu disse: Vamos fazer um show, então. Acabou que o show ficou ótimo, não só porque gosto muito do trabalho do Tom, mas porque eu adoro o João Canabrava. É um dos melhores personagens já criados, principalmente quando ele faz contracenando comigo, porque o Tom aí me respeita e não extrapola. Quando ele faz sozinho, mete o pé pelas mãos, exagera. Comigo, não, ele faz contido, fica uma coisa sublime.

FOLHA - Hoje temos formatos novos de comédia como "Terça Insana" e os garotos do CQC. Como o senhor vê essas formas de humor?
CHICO
- Não vejo TV aberta, porque tenho proibição contratual de não poder comentar sobre outros programas. Então, para não me ver tentado a fazer comentário, não vejo TV. Mas digo uma coisa: Não existe humor novo. Existe humor engraçado e sem graça. O humor novo é uma bobagem. Se os Três Patetas aparecessem hoje, eles seriam engraçadíssimos. Com o Chaplin, o público morreria de rir. E quando é na TV, o humor tem que atingir a massa.

FOLHA - O senhor é ator, humorista, radialista, comentarista, escritor, artista plástico. Aos 78 anos, o Chico hoje é mais o quê?
CHICO
- Eu? Sou septuagenário (risos). Eu sou o que puder ser, eu sou. Se for possível para mim, eu faço, não fujo.

FOLHA - O senhor criou mais de 200 personagens. Tem algum outro surgindo por aí?
CHICO
- Tem um show que vou fazer, não estou tendo tempo, por causa dos filmes. É um show com oito personagens novos e dois antigos. Chama-se "Tudo Eu". Ainda estou escolhendo os novos. Os velhos são o Coalhada e o Painho.

FOLHA - O senhor completou 40 anos de Globo ano passado. Quando volta para a TV?
CHICO
- Nunca mais. Não é coisa que interessa à emissora.

FOLHA - E isso o entristece?
CHICO
- Um tempo, sim. Atualmente não mais. O cinema está substituindo essa falta.

FOLHA - E não dá para parar?
CHICO
- Não. Tem que morrer no palco, não é?


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