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"Não há humor novo", diz Chico Anysio
Artista que se apresenta em Ribeirão na sexta e sábado com Tom Cavalcante diz que só há o humor engraçado e o sem graça
Chico afirma que sente falta, mas não volta mais à TV; segundo ele, não dá para parar de trabalhar, "tem que morrer no palco"
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
Para quem criou mais de 200
personagens, parece fácil a Chico Anísio, aos 78 anos, manter o
ritmo de filmar quase um filme
por mês e ainda atuar em três
peças humorísticas. Uma delas
é "Chico.Tom", em parceria
com Tom Cavalcante, que estará em Ribeirão Preto na próxima sexta e sábado.
Parece fácil, e é, afirma logo
Chico. "Não dá para parar. Tem
que morrer no palco." Em entrevista à Folha, Chico diz que
não existe humor novo, só o
humor engraçado e o sem graça. Leia trechos de entrevista:
FOLHA - Como será o show?
CHICO ANÍSIO - Olha, o show só
não é encenado mais vezes porque o Tom [Cavalcante] é muito atarefado na TV. Esse show
seria um programa na TV Globo. Aí o Tom foi para a Record e
eu disse: Vamos fazer um show,
então. Acabou que o show ficou
ótimo, não só porque gosto
muito do trabalho do Tom, mas
porque eu adoro o João Canabrava. É um dos melhores personagens já criados, principalmente quando ele faz contracenando comigo, porque o Tom aí
me respeita e não extrapola.
Quando ele faz sozinho, mete o
pé pelas mãos, exagera. Comigo, não, ele faz contido, fica
uma coisa sublime.
FOLHA - Hoje temos formatos novos de comédia como "Terça Insana" e os garotos do CQC. Como o senhor vê essas formas de humor?
CHICO - Não vejo TV aberta,
porque tenho proibição contratual de não poder comentar sobre outros programas. Então,
para não me ver tentado a fazer
comentário, não vejo TV. Mas
digo uma coisa: Não existe humor novo. Existe humor engraçado e sem graça. O humor novo é uma bobagem. Se os Três
Patetas aparecessem hoje, eles
seriam engraçadíssimos. Com
o Chaplin, o público morreria
de rir. E quando é na TV, o humor tem que atingir a massa.
FOLHA - O senhor é ator, humorista, radialista, comentarista, escritor,
artista plástico. Aos 78 anos, o Chico
hoje é mais o quê?
CHICO - Eu? Sou septuagenário
(risos). Eu sou o que puder ser,
eu sou. Se for possível para
mim, eu faço, não fujo.
FOLHA - O senhor criou mais de
200 personagens. Tem algum outro
surgindo por aí?
CHICO - Tem um show que vou
fazer, não estou tendo tempo,
por causa dos filmes. É um
show com oito personagens novos e dois antigos. Chama-se
"Tudo Eu". Ainda estou escolhendo os novos. Os velhos são
o Coalhada e o Painho.
FOLHA - O senhor completou 40
anos de Globo ano passado. Quando
volta para a TV?
CHICO - Nunca mais. Não é coisa que interessa à emissora.
FOLHA - E isso o entristece?
CHICO - Um tempo, sim. Atualmente não mais. O cinema está
substituindo essa falta.
FOLHA - E não dá para parar?
CHICO - Não. Tem que morrer
no palco, não é?
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