Ribeirão Preto, Domingo, 22 de Maio de 2011

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Matança de animais avança no interior

Em quatro municípios, levantamento contou 80 casos de bichos mortos só nos últimos dois meses deste ano

Além da chacina em Ribeirão, há registros de crimes contra animais em Sales Oliveira, Sertãozinho e Campinas

Márcia Ribeiro/Folhapress
Cães para adoção no canil do Centro de Controle de Zoonoses de Ribeirão, que tem 93 animais, sete a menos que o limite

ANA SOUSA
DE RIBEIRÃO PRETO

A vira-lata Cindy foi encontrada morta após ser espancada em Sales Oliveira há menos de um mês.
O caso faz parte de uma série de mortes criminosas de animais registradas no município e em pelo menos outros três do interior paulista.
Segundo representantes de ONGs de proteção animal e delegados ouvidos pela Folha, ao menos outros 80 animais foram encontrados em Sertãozinho, Ribeirão Preto, Sales e Campinas no intervalo de dois meses.
Na maioria dos casos, as vítimas apresentaram sinais de envenenamento.
Em Sales, além de Cindy, ocorreram 15 mortes de animais desde abril.
O caso da cadela teve requintes de crueldade. Segundo Mirella Granville, ativista defensora de animais, laudo mostrou que Cindy foi espancada até a morte.
O delegado Clodoaldo Vieira, de Sales, diz que não há suspeitos, mas não descarta a possibilidade de as mortes deste ano estarem relacionadas com as do ano passado. Em 2010, ao menos 50 animais -domésticos e de rua- foram mortos por envenenamento em Sales.
Em Ribeirão, substâncias tóxicas também vitimaram 46 animais -39 felinos, seis gambás e uma cadela - no morro São Bento. Essa foi a segunda "chacina" do ano.
Em março outros dez gatos foram envenenados -a suspeita é que eles ingeriram chumbinho, substância usada para matar ratos.
Para o caso do morro São Bento, a Delegacia de Proteção Animal recebeu ajuda da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), mas ninguém ainda foi preso.

MAGIA NEGRA
Em Campinas, o setor de Proteção aos Animais e Meio Ambiente de Campinas registra em média um caso de animal morto por chumbinho por mês, de acordo com a delegada Rosana Mortari.
Além dos envenenamentos, a cidade também registra casos de animais mortos em rituais de magia negra.
Já em Sertãozinho, um grupo de voluntários que alimenta animais comunitários em um depósito no distrito industrial do município diz ter achado 15 gatos mortos.
Os cuidadores afirmam, porém, que não acionaram o centro de zoonoses do município nem procuraram a polícia para documentar as mortes porque entendem que de "nada adiantaria".
A cidade não possui delegacia especializada em proteção animal.
Segundo o gerente geral Geraldo Guerino, 57, que cuida de animais há seis anos, testemunhas disseram que um casal passou no local onde estavam os gatos e deixou comida para os animais. "Estava escuro, não tinha como saber quem era", diz
O depósito está parcialmente desativado e, por ser afastado, funciona como local de "desova" de animais. "Passamos o dia recebendo telefonemas sobre cachorros abandonados. Não temos nem onde colocar", diz a voluntária Fátima Sanchez.

SUPERPOPULAÇÃO
Marco Ciampi, presidente da ONG Arca Brasil, diz que a superpopulação de animais de rua tem crescido proporcionalmente ao desenvolvimento do segmento pet.
"As pessoas compram animais de presente sem saber se o cão ou gato se adapta ao seu estilo de vida."
Para ele, é preciso difundir o conceito de posse responsável e investir em políticas públicas -como a castração.


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