|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Zuenir Ventura afirma que livro deve ser "dessacralizado"
DA FOLHA RIBEIRÃO
O escritor e cronista Zuenir
Ventura, 78, que se diz um dos
pais da Feira do Livro, afirma
que as obras devem ser manuseadas à vontade pelas crianças. "O livro precisa ser dessacralizado", diz Ventura. Ele
participa do Salão de Ideias da
próxima sexta-feira, às 16h.
FOLHA - O sr. fez duas obras sobre
1968. O que difere o jovem leitor daquela época do de hoje?
ZUENIR VENTURA - O jovem daquela época tinha uma série de
utopias. Hoje o jovem é muito
mais voltado para si mesmo, está preocupado com emprego.
Talvez a geração de 68 tenha sido a última geração literária,
que lia muito. Hoje, você tem a
internet, é a revolução em curso. Dizem que o jovem fica o dia
inteiro na internet. É verdade,
mas ao mesmo tempo, se comunica, não está se isolando.
FOLHA - Qual a dificuldade de fazer
público leitor?
VENTURA - Acho que feiras são
uma forma de aproximar o leitor do escritor. São encontros
festivos e o livro tem fama de
ser algo chato. Às vezes vejo
crianças brincando com livros e
alguém censura. Não tem problema, tem de dessacralizar o
livro. Ele é um objeto de prazer.
FOLHA - Como tem evoluído a Feira
do Livro de Ribeirão?
VENTURA - Tenho uma certa
vaidade de dizer que sou meio
responsável por essa feira. Um
dia, eu estava em Ribeirão com
o Galeno Amorim. Saímos do
Pinguim e eu disse: "Mas esta
praça... Galeno, este é um lugar
ideal para se fazer uma feira
igual à de Porto Alegre, a céu
aberto". Eu tenho um pouco a
pretensão de que ajudei (risos).
Mas acho legal por isso, que é
feira mesmo, popular.
FOLHA - Quais autores ou livros lhe
foram fundamentais?
VENTURA - Detestava Lusíadas
quando jovem, mas na faculdade passou a ser um dos preferidos. E gosto de Albert Camus,
Fernando Pessoa, Machado de
Assis, Graciliano Ramos, e dos
cronistas como Rubem Braga.
FOLHA - Depois que uma feira passa, qual contribuição deixa?
VENTURA - Para o autor, fica algo muito curioso. Porque fazemos do leitor uma ideia muito
abstrata. Neste corpo a corpo,
você descobre o leitor. E para o
leitor também é uma descoberta. É uma relação nova para um
e para outro. E espero que não
haja decepção (riso).
Texto Anterior: Foco: LAN house da Feira do Livro não tem internet Próximo Texto: Ribeirão tem segundo caso de gripe suína Índice
|