Ribeirão Preto, Terça-feira, 23 de Junho de 2009

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Zuenir Ventura afirma que livro deve ser "dessacralizado"

DA FOLHA RIBEIRÃO

O escritor e cronista Zuenir Ventura, 78, que se diz um dos pais da Feira do Livro, afirma que as obras devem ser manuseadas à vontade pelas crianças. "O livro precisa ser dessacralizado", diz Ventura. Ele participa do Salão de Ideias da próxima sexta-feira, às 16h.

 

FOLHA - O sr. fez duas obras sobre 1968. O que difere o jovem leitor daquela época do de hoje?
ZUENIR VENTURA
- O jovem daquela época tinha uma série de utopias. Hoje o jovem é muito mais voltado para si mesmo, está preocupado com emprego. Talvez a geração de 68 tenha sido a última geração literária, que lia muito. Hoje, você tem a internet, é a revolução em curso. Dizem que o jovem fica o dia inteiro na internet. É verdade, mas ao mesmo tempo, se comunica, não está se isolando.

FOLHA - Qual a dificuldade de fazer público leitor?
VENTURA
- Acho que feiras são uma forma de aproximar o leitor do escritor. São encontros festivos e o livro tem fama de ser algo chato. Às vezes vejo crianças brincando com livros e alguém censura. Não tem problema, tem de dessacralizar o livro. Ele é um objeto de prazer.

FOLHA - Como tem evoluído a Feira do Livro de Ribeirão?
VENTURA
- Tenho uma certa vaidade de dizer que sou meio responsável por essa feira. Um dia, eu estava em Ribeirão com o Galeno Amorim. Saímos do Pinguim e eu disse: "Mas esta praça... Galeno, este é um lugar ideal para se fazer uma feira igual à de Porto Alegre, a céu aberto". Eu tenho um pouco a pretensão de que ajudei (risos). Mas acho legal por isso, que é feira mesmo, popular.

FOLHA - Quais autores ou livros lhe foram fundamentais?
VENTURA
- Detestava Lusíadas quando jovem, mas na faculdade passou a ser um dos preferidos. E gosto de Albert Camus, Fernando Pessoa, Machado de Assis, Graciliano Ramos, e dos cronistas como Rubem Braga.

FOLHA - Depois que uma feira passa, qual contribuição deixa?
VENTURA
- Para o autor, fica algo muito curioso. Porque fazemos do leitor uma ideia muito abstrata. Neste corpo a corpo, você descobre o leitor. E para o leitor também é uma descoberta. É uma relação nova para um e para outro. E espero que não haja decepção (riso).


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