Ribeirão Preto, Sexta-feira, 23 de Julho de 2010

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"Método" COC é vendido para ingleses

Por R$ 613 mi, o empresário Chaim Zaher vende sistemas de apostilas e ensino, mas mantém escolas e cursos

Não vai mudar nada no cotidiano dos alunos matriculados nas escolas, segundo o diretor, Nilson Curti


Edson Silva/Folhapress
Saída de alunos do COC Lafayete, em Ribeirão; apostilas dos cursos do grupo passam a ser distribuídas pela Pearson

JEAN DE SOUZA
DE RIBEIRÃO PRETO

Nascido há 47 anos em Ribeirão, o sistema de ensino COC passará a ser controlado, no prazo de dois meses, pelo capital inglês. As escolas que deram origem ao império educacional de Chaim Zaher, porém, permanecem nas mãos do empresário.
A venda de parte do SEB (Sistema Educacional Brasileiro), que tem entre suas marcas, além do COC, Pueri Domus e Dom Bosco, para a multinacional inglesa Pearson foi anunciada ontem.
Por R$ 613 milhões, os ingleses compraram os sistemas de ensino do SEB, ou seja, direito de comercializar livros, metodologias e tecnologias com marcas COC, Pueri Domus, Dom Bosco e Name.
A estrutura responsável por esses produtos -gráfica, distribuição e logística- e o portal Klick Net também ficam com a Pearson.
As escolas, faculdades e cursos, presenciais e à distância, que levam as bandeiras COC, Pueri Domus, Dom Bosco e Praetorium e Unyca continuarão sob a gestão de Chaim. Para administrar esses novos ativos será aberta a Nova SEB, empresa que nasce com 75 mil alunos.
No cotidiano dos alunos das escolas "não muda nada", afirma o diretor superintendente do SEB, Nilson Curti. "O risco é melhorar."
Segundo ele, a Nova SEB terá acesso prioritário à tecnologia que a Pearson desenvolve e aplica em 55 países.
O contrato de fornecimento de material da multinacional inglesa, inclusive apostilas COC, Dom Bosco e Pueri Domus, para a nova empresa vale por sete anos.
Na estrutura atual do SEB, a fatia dos sistemas de ensino corresponde a 65% da receita, assim como a maior parte dos lucros.
Apesar de a nova estrutura comandada por Chaim ficar com um pedaço menor dos negócios, Curti diz que o foco na administração do ensino básico, médio e à distância "faz mais sentido".
"O DNA básico dos controladores é o ensino. A partir de agora, a Nova SEB vai ter foco para desenvolver novos negócios, sai capitalizada para fazer novas aquisições, desempenhar um plano de crescimento tão agressivo quanto foi feito nos últimos três anos."

HORA CERTA
Consultor do setor de educação, Carlos Antônio Monteiro diz que Zaher saiu "na hora certa" do negócio de sistemas de ensino. "Ele segurou as joias da coroa, onde está a competência essencial dele, e agora vai retomar o crescimento desse negócio."
Segundo Monteiro, esse mercado deixou para trás o momento de aquisições de pequenas empresas por grandes conglomerados, como o SEB, que agora passaram à posição de alvos de gigantes, como a Pearson.
"O que os ingleses compraram foi a experiência que o COC tem no mercado brasileiro. Com o poder de fogo que eles têm, vão crescer em cima disso", disse.
Rafael Burquim, analista do setor de educação da Planner Corretora, diz que o negócio beneficia controladores do SEB e investidores.
Quanto ao futuro da Nova SEB, porém, ele diz ser "menos otimista", já que ela nasce sem a unidade que mais gera receitas, a de sistemas, que é também a que tinha melhores perspectivas de médio e longo prazo.


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