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"Método" COC é vendido para ingleses
Por R$ 613 mi, o empresário Chaim Zaher vende sistemas de apostilas e ensino, mas mantém escolas e cursos
Não vai mudar nada no
cotidiano dos alunos
matriculados nas
escolas, segundo o
diretor, Nilson Curti
Edson Silva/Folhapress
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Saída de alunos do COC Lafayete, em Ribeirão; apostilas dos cursos do grupo passam a ser distribuídas pela Pearson
JEAN DE SOUZA
DE RIBEIRÃO PRETO
Nascido há 47 anos em Ribeirão, o sistema de ensino
COC passará a ser controlado, no prazo de dois meses,
pelo capital inglês. As escolas que deram origem ao império educacional de Chaim
Zaher, porém, permanecem
nas mãos do empresário.
A venda de parte do SEB
(Sistema Educacional Brasileiro), que tem entre suas
marcas, além do COC, Pueri
Domus e Dom Bosco, para a
multinacional inglesa Pearson foi anunciada ontem.
Por R$ 613 milhões, os ingleses compraram os sistemas de ensino do SEB, ou seja, direito de comercializar livros, metodologias e tecnologias com marcas COC, Pueri
Domus, Dom Bosco e Name.
A estrutura responsável
por esses produtos -gráfica,
distribuição e logística- e o
portal Klick Net também ficam com a Pearson.
As escolas, faculdades e
cursos, presenciais e à distância, que levam as bandeiras COC, Pueri Domus, Dom
Bosco e Praetorium e Unyca
continuarão sob a gestão de
Chaim. Para administrar esses novos ativos será aberta a
Nova SEB, empresa que nasce com 75 mil alunos.
No cotidiano dos alunos
das escolas "não muda nada", afirma o diretor superintendente do SEB, Nilson Curti. "O risco é melhorar."
Segundo ele, a Nova SEB
terá acesso prioritário à tecnologia que a Pearson desenvolve e aplica em 55 países.
O contrato de fornecimento de material da multinacional inglesa, inclusive apostilas COC, Dom Bosco e Pueri
Domus, para a nova empresa
vale por sete anos.
Na estrutura atual do SEB,
a fatia dos sistemas de ensino
corresponde a 65% da receita, assim como a maior parte
dos lucros.
Apesar de a nova estrutura
comandada por Chaim ficar
com um pedaço menor dos
negócios, Curti diz que o foco
na administração do ensino
básico, médio e à distância
"faz mais sentido".
"O DNA básico dos controladores é o ensino. A partir de
agora, a Nova SEB vai ter foco
para desenvolver novos negócios, sai capitalizada para
fazer novas aquisições, desempenhar um plano de
crescimento tão agressivo
quanto foi feito nos últimos
três anos."
HORA CERTA
Consultor do setor de educação, Carlos Antônio Monteiro diz que Zaher saiu "na
hora certa" do negócio de sistemas de ensino. "Ele segurou as joias da coroa, onde
está a competência essencial
dele, e agora vai retomar o
crescimento desse negócio."
Segundo Monteiro, esse
mercado deixou para trás o
momento de aquisições de
pequenas empresas por
grandes conglomerados, como o SEB, que agora passaram à posição de alvos de gigantes, como a Pearson.
"O que os ingleses compraram foi a experiência que
o COC tem no mercado brasileiro. Com o poder de fogo
que eles têm, vão crescer em
cima disso", disse.
Rafael Burquim, analista
do setor de educação da
Planner Corretora, diz que o
negócio beneficia controladores do SEB e investidores.
Quanto ao futuro da Nova
SEB, porém, ele diz ser "menos otimista", já que ela nasce sem a unidade que mais
gera receitas, a de sistemas,
que é também a que tinha
melhores perspectivas de
médio e longo prazo.
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