LEANDRO MARTINS
DA FOLHA RIBEIRÃO

O crescimento dos casos de violência entre estudantes em cidades menores, como os que foram registrados em Américo Brasiliense e Rincão, reforça a tese de banalização da violência escolar. Essa é a avaliação feita pelo professor de psicologia social e coordenador do Observatório da Violência da USP de Ribeirão, Sérgio Kodato.
Para o especialista, embora estejam localizadas em cidades menores, há escolas com número elevado de alunos, o que acaba reproduzindo o cenário que é visto em municípios maiores.
"É o que chamamos de efeito mimético", disse. Kodato ressalta que a falta de estrutura em muitas escolas, tanto de ordem pedagógica como também física, é um dos principais motivos que facilitam o surgimento de ambientes violentos. "A escola acaba se transformando em terra de ninguém."
Segundo Kodato, essa falta de estrutura nas unidades de ensino acaba criando um grupo de alunos excluídos do processo pedagógico. Estes alunos, de acordo o especialista, precisam mostrar que estão inseridos na vida escolar, ainda que essas demonstrações de participação estejam ligadas a atos de violência.
"Esses alunos precisam mostrar que "zoar" é legal, que não obedecer às regras é legal e até partem para atos delituosos e violentos." Em escolas que recebem investimentos e são modernizadas, a conduta dos alunos tende a ser diferente, na visão do especialista. "É uma conduta reativa", afirma.
Outra novidade, na visão do especialista, é o surgimento frequente de casos de bullying -termo em inglês usado para descrever atos de violência física ou psicológica dentro das escolas atrelados a extorsão.
"Isso reforça a situação de miserabilidade e de carência extrema vivida por muitos desses jovens", disse. Para ele, os casos registrados em escolas de cidades menores devem ser vistos como um problema de toda a sociedade e não apenas da comunidade escolar e dos alunos envolvidos.


Texto Anterior: Professor de Franca relata ameaça de estudante
Próximo Texto: Frases
Índice