Ribeirão Preto, Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011

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Por carrapato, USP fecha centro de lazer

Infestação do inseto levou à proibição de atividade física no campus de Ribeirão; Feira da Sucata foi cancelada

Funcionários e alunos foram picados pelo parasita, presente em capivaras; um servidor sofreu reação alérgica

JULIANA COISSI

DE RIBEIRÃO PRETO

Uma infestação de carrapatos-estrela no campus da USP de Ribeirão Preto obrigou a universidade a proibir qualquer atividade física no local. O centro de lazer foi interditado. Funcionários foram picados pelo parasita -um teve forte reação alérgica.
O carrapato-estrela pode transmitir a febre maculosa, doença que já fez duas vítimas neste ano em Ribeirão e levou uma delas à morte. Outros dois casos suspeitos estão sob investigação.
A coordenadoria do campus interditou anteontem à tarde o seu centro de esporte, chamado de Cefer, com quadras e pista de atletismo.
Ontem, porém, ficou definido que até mesmo uma simples caminhada também será proibida. "Infelizmente as pessoas não respeitam, trazem o cachorro ao campus, e estamos com essa infestação", disse o coordenador José Moacir Marin.
A Feira da Sucata, evento previsto para ocorrer no próximo domingo no local, também foi cancelada.
Vários funcionários foram picados pelos carrapatos. Um funcionário do Cefer, o educador de práticas esportivas Abel Elias Rahal, 65, sofreu uma forte reação alérgica após ter levado diversas picadas -ele estima que foram pelo menos 50.
Um exame sorológico inicial descartou a possibilidade de febre maculosa. "Mas eu fiquei preocupado, porque vi na internet as feridas da febre maculosa e são idênticas às minhas", disse.
Os sintomas começaram a aparecer na pele de Rahal há três meses, "como se fossem picadas de borrachudo [tipo de mosquito]", disse.
Depois, as feridas se agravaram. "É uma coceira que você não consegue suportar." Ele recebeu tratamento médico e agora está tomando antibióticos.

CAPIVARAS
A capivara é o principal hospedeiro do carrapato-estrela. A população de capivaras no campus ainda é desconhecida: estima-se que haja de três a oito grupos delas, cada um com 50 capivaras -150 mais próximas à área urbana do campus.
Encontrar uma forma viável de contabilizá-las foi uma das pautas discutidas ontem no campus com diretores das unidades e representantes da Vigilância Epidemiológica, Centro de Controle de Zoonoses e Sucen, órgão estadual.
O campus também encaminhará documentos a órgãos como o Ibama para autorizar que seja usado algum produto ou construída uma espécie de barreira para evitar a circulação das capivaras.
Apesar do risco da doença, não há motivo para pânico com a febre maculosa, segundo o infectologista Benedito Antônio Lopes da Fonseca, docente da USP.
"Temos uma infestação de carrapatos, mas nenhum indício até agora de que eles carreguem a bactéria que transmite a febre maculosa. O carrapato sozinho não causa a doença", disse.
A febre maculosa, segundo o infectologista, é uma doença relativamente rara. No Estado de São Paulo, 11 pessoas morreram vítimas da doença neste ano; em 2010, foram 17 óbitos.


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