DA FOLHA RIBEIRÃO

O excesso de chuvas tem dificultado o trabalho nos canaviais e há produtores que já reconhecem que não devem conseguir colher toda a cana até dezembro. O produtor Daniel Annibal, que tem 800 alqueires plantados em Cravinhos, Luiz Antônio e São Simão, disse que, das 130 mil toneladas de cana previstas para esta safra nas suas propriedades, ainda falta colher 30 mil toneladas.
"Estamos fazendo de tudo para ver se conseguimos colher até dezembro, mas a chuva está atrapalhando muito", disse o produtor, cuja colheita é mecanizada. Annibal descarta prosseguir com a colheita em janeiro, pois, para ele, o prejuízo seria ainda maior para manter os tratos culturais, diante do baixo retorno oferecido por um produto de qualidade inferior.
"Se sobrar cana para janeiro, será preferível bisar [deixar em pé para a próxima safra]."
Além da dificuldade para o acesso de máquinas e caminhões nos canaviais, o excesso de chuvas também derrubou a qualidade da cana. Segundo Annibal, em período normal, cada tonelada de cana rende cerca de 160 quilos de ATR (Açúcar Total Recuperado).
Atualmente, no caso de Annibal, esse índice, que mede a qualidade dos produtos retirados da cana, está rendendo 125 quilos por tonelada. "Como nós recebemos de acordo com o ATR, estamos sofrendo um prejuízo de, no mínimo, R$ 8 por tonelada", afirmou.
Se as chuvas continuarem, Annibal disse acreditar que a qualidade vai ficar piorar. "Se seguir assim, em dezembro vamos tirar só 110 quilos de ATR por tonelada", disse.
Os números divulgados ontem pela Unica confirmam a queda da qualidade da cana. No acumulado da safra até 15 de outubro, foram processados 412,75 milhões de toneladas. O volume é 8,86% maior ao moído no mesmo período de 2008.
Já a quantidade de produto obtido por tonelada de cana, o ATR, foi de 132,81 quilos por tonelada. Na safra anterior, neste mesmo período, de cada tonelada de cana foram obtidos 141,10 quilos de ATR.


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