Ribeirão Preto, Domingo, 23 de Outubro de 2011

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Academias e condomínios levam clubes à decadência

Após esvaziamento que começou em 2000, clubes tentam atrair sócios de novo

Além da concorrência, má gestão fez clubes sociais e náuticos da região falirem ou terem queda de sócios

Edson Silva/Folhapress
Quadra abandonada do tradicional Clube dos Bagres

GABRIELA YAMADA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO


No tradicional Clube dos Bagres, em Franca, a piscina olímpica, vazia, é mantida como uma das poucas lembranças que restaram dos seus tempos áureos, quando reunia a elite da cidade.
A centenária Recreativa, de Ribeirão, decidiu apostar em uma campanha maciça de descontos para atrair novos associados ao clube, que amargou a sua pior crise financeira há três anos, com dívidas que bateram a marca dos R$ 17 milhões.
Clubes sociais do interior, que já foram sinônimo de glamour, tentam sobreviver ao pesadelo causado pelo esvaziamento de associados de suas dependências.
Em geral, os clubes, segundo eles próprios, tiveram problemas de gestão, o que, aliado a novas oportunidades de lazer, como as academias e condomínios estruturados, fizeram com que eles fossem deixados de lado.
"As nossas dificuldades começaram a partir do ano 2000, com o surgimento de novos clubes e condomínios fechados em Ribeirão Preto", disse o vice-presidente do Palestra Itália, Raphael Viesti.
O Palestra, que completa 95 anos em 2012, teve crise financeira entre 2007 e 2009, com mais de R$ 1 milhão em dívidas -o campo de futebol foi penhorado e leiloado por conta de ações trabalhistas.
Embora tente ressurgir, apresenta problemas estruturais, com brinquedos quebrados no parque e pisos que precisam ser trocados.
Nos Bagres, o próprio presidente atendeu o telefone da recepção quando procurado pela Folha. Víctor de Andrade afirmou que o quadro de funcionários foi reduzido a quatro pessoas. O clube, que já teve 3.000 sócios, conta hoje com 200 associados "em idade provecta", diz ele.
Não são só os clubes sociais que afundaram em crises financeiras. O Splash, parque aquático que vendeu a imagem de "praia em Ribeirão", fechou em 2008 por ordem judicial. A área está abandonada e é alvo de depredações. O dono sumiu.
"Este é um assunto que nem gosto de falar. Não quero olhar para o passado", disse Décio Martins Desie, proprietário do Thermas Regional de Ribeirão, em Pitangueiras, que fechou as portas em 2009 por dívidas estimadas em mais de R$ 700 mil.
Segundo Desie, a crise foi motivada pela empresa contratada para cobrar os sócios.
O grupo também estaria envolvido na crise financeira de outros clubes, como o Águas do Vale, em Sacramento (MG), e o Caiçara, de Ribeirão.
O caso do Thermas está na Justiça. O local, que funcionou por 20 anos, chegou a ter 35 mil sócios e colocou Pitangueiras na rota turística.
O Caiçara, que já teve 13 mil sócios, afundou em R$ 2 milhões de dívidas e teve parte da área leiloada para pagamento do INSS e Cofins.
As portas foram fechadas há dois anos e, hoje, o local abre aos finais de semana só para receber os 40 sócios remidos para jogos de futebol.
Já a Portuguesa, fundada há 78 anos, teve parte de sua sede vendida e hoje serve de centro de treinamento de tênis em Ribeirão.


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