|
Próximo Texto | Índice
Ribeirão aprova obra sem licença ambiental e recua
Decreto que autoriza a 3ª etapa do Distrito Empresarial deve ser revogado hoje
Gasparini autorizou empreendimento na sexta-feira sem aval do Comdema e sem estudo
de impacto ambiental
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
O prefeito de Ribeirão Preto,
Welson Gasparini (PSDB), assinou decreto na sexta-feira
aprovando a terceira etapa do
Distrito Empresarial sem providenciar o licenciamento ambiental, mas, após pressão do
Ministério Público Estadual e
do Comdema (Conselho Municipal do Meio Ambiente), deve
revogar hoje o decreto que autorizava o loteamento.
Uma das principais promessas do tucano, próximo do final
do seu quarto mandato, a terceira fase prevê a instalação de
fábricas de grande porte, com
lotes de no mínimo 5.000 m2.
As outras etapas tinham lotes
de 400 m2 em média.
O decreto com a autorização
foi publicado no "Diário Oficial" do Município de sexta-feira, sem que o empreendimento
tivesse estudo de impacto ambiental, sem a aprovação do
Comdema e sem a realização
de audiências públicas.
O secretário de Planejamento e Gestão Pública, Marcos
Spínola de Castro, afirmou que
a intenção da prefeitura era fazer o licenciamento ambiental
após o decreto, para agilizar a
licitação (leia texto abaixo).
O promotor do Meio Ambiente, Marcelo Pedroso Goulart, pediu ontem a revogação
do decreto ao secretário dos
Negócios Jurídicos, Celso Malerba de Oliveira. "A prefeitura
quis inverter o processo. Só pode aprovar uma área depois de
realizar o estudo de impacto
ambiental", afirmou. Se mantido o decreto, segundo ele, o
prefeito pode ser punido por
improbidade administrativa.
Para que uma obra de grande
porte seja aprovada, é necessário que o dono da área (no caso,
a prefeitura) faça um estudo de
impacto ambiental. É o estudo
que define, por exemplo, os limites para as fábricas de emissão de ruído, gases tóxicos e de
poluição atmosférica para não
impactar a vizinhança e a natureza. A peça passa pela avaliação do Comdema e, se necessário, por audiência pública.
No dia 8 deste mês, a Secretaria de Planejamento requereu a licença prévia ambiental.
A aprovação foi feita 11 dias depois, tempo recorde, segundo o
presidente do Comdema, José
Carlos Martins da Nóbrega.
"Em menos de três meses não é
possível concluir um licenciamento."
Quatro dias antes de pedir a
licença, a prefeitura assinou
convênio com o governo de SP
em que ganhou a autonomia
para autorizar empreendimentos de pequeno impacto ambiental. A parceria, entretanto,
exige que todo o trâmite passe
pelo crivo do Comdema.
O presidente do órgão quer
consultar os demais conselheiros para questionar a prefeitura sobre por que aprovou um
loteamento como o Distrito
Empresarial sem cumprir as
etapas ambientais antes.
"Até entendo a vontade de
aprovar com rapidez, mas aceitar essa condição depois do
convênio com o Estado é abrir
uma brecha esquisita", disse
Nóbrega. "Se abro uma exceção
agora, terei que abrir a todos os
projetos", afirmou.
Para o consultor ambiental
Ivens Telles Alves, mesmo com
a área aprovada pela prefeitura, há empresas que podem ser
prejudicadas. Isso porque, se
ela tem grande potencial poluidor, deve submeter seu projeto
à Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), que pode vetá-lo.
Ex-secretário Municipal de
Meio Ambiente na gestão de
Antonio Palocci Filho (PT), entre 1992 e 1993, Manoel Tavares disse que a situação pode
gerar contestações na Justiça.
"Fazer depois o licenciamento pode atrapalhar até as empresas se a área não for aprovada", disse. Ele citou o caso da
Petrobras, que adquiriu um lote em 1995 em área de recarga
do aqüífero Guarani. Como o
Comdema rejeitou o projeto,
teve de comprar outra área.
Próximo Texto: Outro lado: Secretário diz que intenção era agilizar Índice
|