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Dívida do Gimenes passa de R$ 75 mi, mostra processo
Rede de supermercados com sede em Sertãozinho está em recuperação judicial
Promotor do caso diz que recuperação da empresa é "plenamente possível'; para fornecedor, novas compras estão em dia
LUCAS REIS
ENVIADO ESPECIAL A SERTÃOZINHO
O total de dívidas da rede de
supermercados Gimenes, uma
das maiores da região de Ribeirão Preto -e do interior de São
Paulo- e que há um mês entrou com pedido de recuperação judicial, ultrapassa a casa
dos R$ 75 milhões. O valor exato do rombo, detalhado no processo disponível na 3ª Vara Cível de Sertãozinho e com base
no dia 18 de dezembro de 2008,
é R$ 75.012.561,80.
O processo, que já está no nono volume, lista todos os credores da rede, que incluem grandes multinacionais, pequenas
empresas, municípios, empréstimos e leasing bancário e Receita Federal -a maior credora
é a Receita, com um total de R$
11,9 milhões.
Outras dívidas grandes chamam a atenção, como a da
Companhia de Bebidas Ipiranga, fabricante da Coca & Cola:
R$ 1.096.736,47. Já a dívida
com a Frigol Comercial Ltda.,
de corte de carnes, é de R$ 3,9
milhões. A Perdigão, também
do setor alimentício, tem outros R$ 1.078.135,20 a receber
do Gimenes, que tem sede em
Sertãozinho.
Há dívidas menores, também, com empresas de médio
porte, como a Carvão Sertanejo, de Sertãozinho. Nos últimos
três meses, o supermercado
contraiu uma dívida de aproximadamente R$ 80 mil com a
empresa de carvão.
"Nossa expectativa é que eles
paguem primeiro as dívidas
menores, para depois liquidar
as maiores", disse o advogado
da empresa, Ivan Bueno.
A Carvão Sertanejo informou
que, desde que a recuperação
judicial foi anunciada, o Gimenes tem pago pontualmente as
novas entregas de produtos.
O valor total da dívida da rede
pode ser maior. Segundo a Folha apurou, outros credores estão procurando a Justiça para
serem incluídos no processo de
recuperação judicial.
O juiz Nemércio Rodrigues
Marques aceitou, no dia 29 de
dezembro, o pedido de recuperação judicial, dando prazo de
60 dias para que o grupo apresente um plano.
"A recuperação é plenamente possível", afirmou o promotor que atua no processo, José
Gaspar Menna Barreto. Evitando dar detalhes, ele disse que
uma eventual falência do Gimenes seria desastrosa para a
economia local.
"Da minha parte, o que for do
meu alcance será feito para evitar isso. Toda a região tem um
número enorme de empregos.
Uma eventual quebra da empresa teria uma repercussão
grande, principalmente neste
momento de crise", afirmou.
Com o agravamento da situação financeira da rede, lojas
passaram a sofrer com a falta de
alguns produtos nas prateleiras, especialmente das marcas
mais famosas, conforme relato
feito por funcionários de três
unidades à Folha (leia texto
nesta página).
Atualmente, o Gimenes tem
24 lojas em Sertãozinho, Ribeirão Preto e outras dez cidades
da região. No mês passado, a
rede demitiu fechou seis lojas
em cinco cidades. Um total de
313 funcionários perderam o
emprego com os fechamentos.
Há dois anos, 80% das ações
do grupo foram vendidas para a
G&G Investimentos, em negócio intermediado pelo ex-ministro do Planejamento Antônio Kandir, que, à época, afirmou que a intenção era investir
R$ 83 milhões na abertura de
15 lojas -somente uma foi
inaugurada.
A Folha entrou em contato
com o advogado do Gimenes,
Joel Luís Thomaz Bastos, que
intermedeia o processo de recuperação judicial, mas ele não
deu entrevista. Integrantes da
família Gimenes também foram procurados, mas nenhum
deles aceitou falar.
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