Ribeirão Preto, Sábado, 24 de Janeiro de 2009

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Dívida do Gimenes passa de R$ 75 mi, mostra processo

Rede de supermercados com sede em Sertãozinho está em recuperação judicial

Promotor do caso diz que recuperação da empresa é "plenamente possível'; para fornecedor, novas compras estão em dia

LUCAS REIS
ENVIADO ESPECIAL A SERTÃOZINHO

O total de dívidas da rede de supermercados Gimenes, uma das maiores da região de Ribeirão Preto -e do interior de São Paulo- e que há um mês entrou com pedido de recuperação judicial, ultrapassa a casa dos R$ 75 milhões. O valor exato do rombo, detalhado no processo disponível na 3ª Vara Cível de Sertãozinho e com base no dia 18 de dezembro de 2008, é R$ 75.012.561,80.
O processo, que já está no nono volume, lista todos os credores da rede, que incluem grandes multinacionais, pequenas empresas, municípios, empréstimos e leasing bancário e Receita Federal -a maior credora é a Receita, com um total de R$ 11,9 milhões.
Outras dívidas grandes chamam a atenção, como a da Companhia de Bebidas Ipiranga, fabricante da Coca & Cola: R$ 1.096.736,47. Já a dívida com a Frigol Comercial Ltda., de corte de carnes, é de R$ 3,9 milhões. A Perdigão, também do setor alimentício, tem outros R$ 1.078.135,20 a receber do Gimenes, que tem sede em Sertãozinho.
Há dívidas menores, também, com empresas de médio porte, como a Carvão Sertanejo, de Sertãozinho. Nos últimos três meses, o supermercado contraiu uma dívida de aproximadamente R$ 80 mil com a empresa de carvão.
"Nossa expectativa é que eles paguem primeiro as dívidas menores, para depois liquidar as maiores", disse o advogado da empresa, Ivan Bueno.
A Carvão Sertanejo informou que, desde que a recuperação judicial foi anunciada, o Gimenes tem pago pontualmente as novas entregas de produtos.
O valor total da dívida da rede pode ser maior. Segundo a Folha apurou, outros credores estão procurando a Justiça para serem incluídos no processo de recuperação judicial.
O juiz Nemércio Rodrigues Marques aceitou, no dia 29 de dezembro, o pedido de recuperação judicial, dando prazo de 60 dias para que o grupo apresente um plano.
"A recuperação é plenamente possível", afirmou o promotor que atua no processo, José Gaspar Menna Barreto. Evitando dar detalhes, ele disse que uma eventual falência do Gimenes seria desastrosa para a economia local.
"Da minha parte, o que for do meu alcance será feito para evitar isso. Toda a região tem um número enorme de empregos. Uma eventual quebra da empresa teria uma repercussão grande, principalmente neste momento de crise", afirmou.
Com o agravamento da situação financeira da rede, lojas passaram a sofrer com a falta de alguns produtos nas prateleiras, especialmente das marcas mais famosas, conforme relato feito por funcionários de três unidades à Folha (leia texto nesta página).
Atualmente, o Gimenes tem 24 lojas em Sertãozinho, Ribeirão Preto e outras dez cidades da região. No mês passado, a rede demitiu fechou seis lojas em cinco cidades. Um total de 313 funcionários perderam o emprego com os fechamentos.
Há dois anos, 80% das ações do grupo foram vendidas para a G&G Investimentos, em negócio intermediado pelo ex-ministro do Planejamento Antônio Kandir, que, à época, afirmou que a intenção era investir R$ 83 milhões na abertura de 15 lojas -somente uma foi inaugurada.
A Folha entrou em contato com o advogado do Gimenes, Joel Luís Thomaz Bastos, que intermedeia o processo de recuperação judicial, mas ele não deu entrevista. Integrantes da família Gimenes também foram procurados, mas nenhum deles aceitou falar.


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